Agora

Surpreendente.

Trata-se de um filme espanhol (mas falado em inglês) dirigido

por Alejandro Amenábar (“Os Outros”, 2001) estrelando Rachel Weisz e grande elenco. (Gosto de usar esta expressão.)

Me empolguei com o trailer, mas depois misteriosamente nem fiquei sabendo de lançamento no cinema ou DVD no Brasil. Lembrei do filme e procurei vê-lo.

Imaginava que fosse apenas um épico contando a história da destruição da Biblioteca de Alexandria. Já foi o suficiente para eu me interessar, mas ainda havia mais, bem mais.

Contando um pouco de spoilers, é mostrada a exata transição do império romano pagão ao império romano cristão. Uma virada de mesa onde os cristãos marginalizados, apoiados pelo imperador, se tornam os opressores. E conseguem ser ainda piores que os seus antigos perseguidores.

O filme demonstra ser um pouco tendencioso ao ateísmo, deixando bem clara a sua mensagem: “religião atrasa o progresso”. Isto até faz sentido, no contexto do filme, mas eu enxerguei algo além disso.

Acho que a verdadeira questão é: a mensagem de Jesus, o verdadeiro cristianismo, não é entendido facilmente. Não cai a ficha.

Para muitos, até hoje em dia, é apenas mais uma religião. Naqueles tempos, onde religião e poder se confundiam mais do que hoje, era mais um caminho para se chegar ao poder para oprimir a outros. Que deu certo, infelizmente.

A massificação do cristianismo o transformou em apenas mais uma religião. Inclusive a mais famosa, influente, corrupta e poderosa já conhecida. Mas isso não tinha nada que ver com o que Jesus queria.

A mensagem era outra. Era amor, compreensão, esperança, perdão, complitude… Em um momento chave do filme um dos personagens principais até questiona isso: “Jesus perdoou seus opressores. Será que eu também não devo perdoar?”. A resposta foi uma pérola: “Quem é você para se comparar a Deus?”.

Hoje a massificação e mal-entendimento do cristianismo cria outras coisas: negócio, forma de “se arranjar na vida”, busca de lucro pessoal, luta por poder mesquinho, abusos e alienação. Não precisa dizer que também não é por aí né?

Pra entender a mensagem de Jesus é preciso mente aberta, é preciso esquecer todas as referências de experiência religiosa. É preciso esvaziar o copo, para então enchê-lo da novidade. Nisso, estes “cristãos” erraram feio. E muitos insistem em errar até hoje.

Ah! E o filme? Recomendo bastante. É um pouco lento, algumas vezes, mas vale cada minuto.