É hora de falar em vingança?

Amigos, todos estão esperando alguma coisa sobre os atentados nos EUA. Nem poderia ser diferente. Um dia que entra para a História, pela porta dos fundos, arrombando, literalmente, as paredes do prédio. Dia para se esquecer. Dia que a gente preferia que nunca tivesse nascido. Se o mundo, ímpio, rebelde e mau põe as mãos sobre os olhos para não ver a cena, imagine o que o céu não fez? A atrocidade de morrer sem saber porque e nem por onde. A brutalidade de separar para sempre pais, filhos, amigos que, diretamente, não tem nada a ver com a intolerância de um grupo, seja ele qual for. A dor e as lágrimas que não tem língua, nem nacionalidade nem cor. O mundo inteiro vai chorar a perda de seus filhos. Morreram não só norte-americanos, mas também brasileiros, argentinos, colombianos, africanos e europeus. O World Trade Center era “World”. Tinha gente do mundo inteiro lá. Que coisa terrível. Fiz questão de não ver as imagens, porque senão não conseguiria trabalhar aquele dia.

Há vários ângulos para serem analisados. Em primeiro lugar, é óbvia a impáfia e o sentimento de superioridade dos americanos. Sei disso porque já trabalhei lá. Eles te olham de cima pra baixo mesmo, acham que você mora na selva, sim e para eles, o que não conhecem não existe. Sempre julgaram-se os donos do mundo, a polícia do planeta. Seus filmes os colocam como os protetores da humanidade. Os seres interplanetários (que eles mesmos inventam, of course…) só podem ser destruídos pelos caças americanos. Quando o Rocky luta com o russo, os cinemas ficam de pé e aplaudem. Quem sabe se o Rocky existe de verdade, eles não teriam sofrido o vexame do Vietnã. E eles não foram capazes de impedir que 8 aviões fossem seqüestrados ao mesmo tempo, que um bando de homens armados com facas embarcassem nos seus aeroportos e que uma aeronave caísse em cima do serviço de “inteligência” do seu país. O Pentágono virou “Bestágono”. Se fosse no Brasil, é porque era Terceiro Mundo. Mas como é lá… Bom, lá é lá, né? Quem sabe essa dura lição quebra um pouco desse orgulho?

Em segundo lugar, é bom ter cuidado com essa investigação. No atentado de Oklahoma, o barbudinho Miojo Lamen lá do Afeganistão também era o culpado, e no fim o assassino era loiro, tinha olhos azuis e, pasmem!!! Sim, senhor, era americaníssimo da Silva! Até tinha sido herói na guerra do Golfo. Não existem terroristas e monstros estúpidos somente no mundo árabe. Eles estão em toda parte, inclusive nos Estados Unidos. De onde é a Ku Klux Klan? Onde é que se faz baderna, quebra-quebra e incêndios por problemas de racismo? Em Ryad ou em Los Angeles? Então, vamos devagar.

Agora, vão falar em vingança? Vão dar o troco na mesma moeda? E, nós, que não temos nada a ver com isso, vamos ser obrigados a pagar a conta?

É bom lembrar que muito do que vemos de pobreza e desgraça no mundo sub-desenvolvido tem como origem a política suja do FMI, que explora com juros escorchantes as nações mais pobres do planeta, as decisões de barreiras alfandegárias bem como de subsídios contra os produtos nossos lá fora e assim por diante. E mesmo assim, nós é que temos que pagar a conta?

Mas acredito que haja uma análise mais profunda a ser feita. E esta não vai aparecer nos jornais nem na TV nem nas falas dos analistas político-econômicos pelo mundo afora. No fundo, no fundo, essa questão toda não é política, nem econômica nem social. É espiritual. Os Estados Unidos foram uma nação edificada sobre princípios judaico-cristãos. Sua constituição (que nunca precisou ser re-feita) é baseada nos conceitos de ética e justiça da lei de Moisés. O “Thanksgiving Day”, o famoso Dia Nacional de Ações de Graças, originalmente era uma demonstração extraordinária do reconhecimento de um povo de que tudo o que eles colhiam vinha de Deus. A nação parava para dizer ao seu Deus “Obrigado, Senhor”. Ademais desse fato, os EUA sempre apoiaram Israel, que apesar de estar “no desvio”, ainda é o povo da Promessa. “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” é uma promessa válida até hoje. Pode-se alegar que os motivos são muito mais econômicos do que religiosos, e é verdade mesmo. Mas quem, pelos mesmos motivos, se posicionou contra Israel, se deu muito mal.

Infelizmente, esse tempo passou. Hoje o deus dos americanos é o dólar. Embora nas suas notas esteja escrita a frase “In God we trust”, (“Nós confiamos em Deus”), dizem que o certo seria escrever “In Gold we trust” (“Nós confiamos no ouro”). Os Estados Unidos são uma nação sem Deus. Apesar das mega-igrejas, impera o ateísmo. O satanismo avança em todos os níveis da nação. O materialismo é visível. As duas frases que eu mais ouvi enquanto morei lá foram “AUTOMATICALLY” e “HAVE FUN” (“AUTOMATICAMENTE” e “DIVIRTA-SE”). É a síntese do pensamento norte-americano: aproveitar a vida e aproveitá-la agora!

Por isso, apesar da dor e da tragédia, apesar de todos sofrermos com eles a angústia de atentados como esses, fica mais uma vez a lição, já citada por esta coluna, na semana do Natal de 2000: “se Deus estiver fora dos seus planos, o mundo inteiro valerá nada.”

Quando será que nós, americanos debaixo da linha do Equador, vamos aprendê-la?