Amigos, mais uma página da História do nosso país foi virada esta semana. E tristemente, com o passamento do governador de São Paulo, Mário Covas Filho. Fui seu eleitor convicto nas últimas eleições, incluindo a sua derrota para presidência há 11 anos, no pleito que culminou com a eleição de Collor Babá e seus 400 ladrões, bem como em sua vitória para o governo do Estado de São Paulo, a locomotiva deste país.
Nem sempre era possível concordar com as decisões políticas de Covas, como por exemplo a privatização das estradas que já estavam prontas e foram entregues de bandeja para concessionárias cujo único investimento foi instalar praças de pedágio a cada 20 Km. (Aliás, será que o pessoal que seguiu o enterro de Covas até Santos precisou pagar os pedágios da Imigrantes??). Às vezes seu temperamento intempestivo o levava a fazer coisas estranhas, como enfrentar fisicamente os “professores” (leia-se baderneiros) na frente da Secretaria da Educação. Mas foi este mesmo temperamento que o credenciou a enfrentar adversários que representavam uma ameaça à população de São Paulo, como o último embate eleitoral para o governo do estado. Afinal, se ele não fosse firme naqueles debates e naquela campanha, uma parcela da população que não é capaz de discernir entre a mão direita e a mão esquerda teria cometido o desatino de fazer sentar na cadeira do governador um homem sem qualquer qualificação moral, cujo nome passou a ser sinônimo de “larapiar, roubar, subtrair indevidamente de…”
E é exatamente aqui que Covas se tornou uma unanimidade. Você pode nunca ter votado nele, pode não concordar com seu estilo, pode não apoiar seu plano de governo. Mas não poderá acusá-lo de falcatruas, de desvio de verbas, de mau uso do dinheiro público, de realizar obras faraônicas e super-faturadas, de vender frango do cunhado para a prefeitura, de ter eleito como sucessor um pilantra que afundou a cidade de São Paulo etc etc. Ele foi um homem honrado. Nunca sofreu um único processo por improbidade administrativa, nem pode ser acusado de agir conforme a chamada “cultura política” do Brasil, o famoso e franciscano “é dando que se recebe”. Isso até mesmo seus inimigos eram obrigados a reconhecer. De certa maneira, para vergonha de muitos cristãos, ele poderia abrir sua vida moral e financeira para uma investigação minuciosa (já que perguntar não ofende: você teria coragem de submeter sua vida a um escrutínio desta natureza, ou precisaria de alguns meses ou anos para “limpar sua ficha” primeiro??)
Mas… a Bíblia já dizia, muitos séculos antes do descobrimento do Brasil: “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios” (Sl 146:4).
Sempre gostei de ouvir as entrevistas de Mário Covas. Homem verboso, articulava inteligentemente suas frases e conseguia convencer, ou pelo menos silenciar, seus opositores com sua argumentação. Um dia, Roberto D`avilla, da Rede Cultura, fez com ele uma longa entrevista, logo após sua primeira seção de quimioterapia. E perguntou-lhe, entre muitos assuntos, sobre eternidade e sobre Deus. Foi a primeira vez que discordei de Covas. Ele pensava em Deus como uma “força distante”. Para ele, talvez até para ser politicamente correto, todos os caminhos levavam a Deus. O importante era ter uma religião. E no fim, Deus daria um jeito para a eternidade. O bom governador estava completa, triste e fatalmente enganado. E o assunto aqui era muito mais importante do que obras ou orçamento de um estado.
Deus não é apenas uma “força ativa” e, diria mais, nem é simplesmente um “Ser superior”. Deus é absoluto e soberano. Deus é singular. “Superior” é comparativo. Deus é incomparável. Quem não o conhece e reconhece assim, quem não passa a conhecer o Pai através de seu Filho Jesus, não tem qualquer esperança para além desta vida. O salmista continua: “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor seu Deus, que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e mantém para sempre a sua fidelidade” (v.5,6)
Deus não se importa se uma pessoa é zelador de um prédio ou governador do Estado mais rico do Brasil, ou presidente dos Estados Unidos. Para Ele, todos são iguais, todos são mortais. E todos precisam passar pelo mesmo processo de quebrantamento e humilhação diante dEle, se quiserem receber a vida eterna. Por outro lado, quem passa pelo Novo nascimento é colocado em posição tão elevada, que a Bíblia diz que estamos “assentados nas regiões celestiais em Cristo Jesus”. Não há posição de maior privilégio do que esta.
De qual posição você se orgulha hoje? De ser “alguém importante”? De ter poder de decisão, em qualquer esfera da atividade humana? De ser filho de gente rica ou famosa? De ser um bom religioso, cumpridor dos deveres e freqüentador de igreja? De ter chegado lá por seus esforços e méritos? De ser filho do missionário tal, ou neto do fundador do trabalho de não-sei-onde?
Seria melhor que todos nós pudéssemos desfrutar da rica posição de FILHOS DE DEUS, da qual, na verdade, ninguém pode se orgulhar, nem bater no peito estufado. Esta posição que só se alcança pela graça.