Campanhas de construção. Projetos arquitetônicos. Construções imponentes. Ou construções simples. Reformas. Nova pintura. Fundo de construção. Templo. Casa de Oração. Salão de reuniões. “Igreja” se diz, até. Às vezes fico pensando se ao invés de “Igrejas” não deveríamos chamar “Empreiteiras”.
Ou se ao invés de sermos chamados “cristãos” não deveríamos ser chamados de “judeus”, que tanto apego tinham pelo seu templo. É verdade que na Velha Aliança o Templo tinha uma conotação muito maior da presença de Deus. Para ali eles vinham adorar e trazer seus sacrifícios. É só ver os “Cânticos de Romagem” nos Salmos. Era chamado naquela época de “a Casa do Senhor”, se bem que mesmo naquele tempo quem tinha mais visão percebia que um edifício não poderia conter a presença infinita de um Deus Criador. Salomão ressaltou isso na consagração da casa que construíra para o culto ao Senhor.
A mulher samaritana tinha esta preocupação “Qual é o lugar certo para adorar?” era a sua dúvida mais cruel. Jesus lhe mostrou que uma nova época chegaria, e já chegou, em que a adoração não estaria restrita a locais pré-definidos ou construídos para este fim. O serviço de Deus não pode se prender a paredes de pedra, se o nosso coração já for de carne.
Quantas vezes você já ouviu a respeito de alguém que ele é “um crente 100%” ou “um irmão muito fiel” porque ele (ou ela) nunca falta às reuniões da igreja? Quanta gente, quando fala de “servir a Deus”, refere-se exclusivamente ao que acontece nas reuniões do Seu povo?
Recentemente, João Alexandre compôs uma música que aborda esta questão de frente. Com sua autorização (brigado, João) transcrevemos abaixo a música que dá título a este artigo. Pense sobre estas palavras. Elas podem dar ao seu cristianismo um rumo totalmente novo. Não tenho dúvidas de que este é o rumo que a Igreja precisa tomar hoje.
CORAÇÃO DE PEDRA*
Letra e música: João Alexandre
Ali é o lugar ideal pra quem quiser se esconder
e ser mais um na multidão…
Ali é onde os homens se abraçam
mas na hora de pagar o preço, lavam as mãos…
Ali é onde todos se encontram mas acabam se perdendo
por achar que são invencíveis…
Ali não há lugar pra tristeza, pra angústia, pra dor
ou pra gemidos inexprimíveis…
Deus não habita mais em templos feitos por mãos de homens,
Deus não será jamais acorrentado às paredes de uma religião,
Deus não habita mais em templos feitos por mãos de homens,
Deus não será jamais enclausurado na escuridão
De quem ainda tem
Um coração de pedra.
Ali ninguém conhece a essência, tão somente a aparência
de viver em comunhão…
Ali é onde os loucos se entendem, onde os sábios se prendem
ao valor da tradição…
Um falso paraíso presente, um fanatismo distante,
um cristianismo sem direção…
Ali é onde todos proíbem, onde todos permitem,
onde são assim, nem “SIM” nem “NÃO”…
Que vença, mesmo que haja desavença,
Todo aquele que repensa na crença da onipresença de Deus.
Sejamos coerentes, transparentes, reluzentes, conscientes,
Todos crentes que somos os filhos Seus…
Na rua, no trabalho, na escola, na loja,
Na padaria, no posto, na rodovia, na congregação,
Que haja em nós o mesmo sentimento:
Que Deus habite em nosso coração!
Pensando bem:
Pedras e tijolos constróem templos, mas não edificam igrejas. * A música transcrita acima está no novo CD de João Alexandre (Voz, Violão e algo mais) e contém mais 13 canções fantásticas, como os tradicionalíssimos “Um Só Rebanho”, “Grandioso és Tu”, a polêmica (mas corretíssima) “Tudo é Vaidade”, além de “Abismo de Gerações”, “Casa Grande” entre outras. Já comprei o meu e recomendo.