Tenho um amigo que defende uma tese interessante: se você esquecer um copo de leite em cima da mesa e ele se estragar, não é preciso bebê-lo inteiro para descobrir isso. Basta tomar um único gole e você saberá que o leite azedou. Se for mais esperto, nem precisa experimentar. Só pelo cheiro você já percebe.
Estranhei muito a Rede Globo colocar no ar uma mini-série sobre a vida de Jesus. Não me lembro, num passado recente, de ver algo do gênero na “toda-poderosa”. Resolvi acompanhar. A gente sabe que essas screenplays, como são chamadas as adaptações de livros para cinema, nunca são exatamente fiéis ao texto, mesmo quando se trata de literatura comum. Quando se trata da Bíblia então, nem se fala. Até os filmes feitos por produtores evangélicos às vezes sofrem alguns acréscimos, que nem sempre comprometem, mas que não deixam de ser acréscimos.
Só que neste caso específico a coisa foi longe demais. Não pude assistir desde o começo. Mas na primeira cena que vi, senti o cheiro de coisa podre. Muito podre. Um “Jesus” estilo playboy, trocava olhares apaixonados por uma não menos apaixonada “Maria de Betânia”. Ela se mostrava “perdida” pelo carpinteiro. Na cena seguinte, o “Jesus” da TV fica sabendo que Maria será dada em casamento a um rapaz da cidade e reclama com “José” a respeito. “José” lhe diz: “Ora, meu filho, você tem que entender que você não é um simples carpinteiro, um homem comum”. Chega. Me recuso a continuar assistindo. E me recuso a continuar descrevendo essa palhaçada. É como beber o copo de leite para ver se está estragado.
Conversando com alguns alunos (não cristãos) soube de outros detalhes igualmente revoltantes, como uma cena estranha do tal “Jesus” com Maria Madalena e outras situações absolutamente apócrifas.
Você acha que o Jesus de verdade, não sabia quem ele era? Acha que ele se envolveu em “conquistas” dessa natureza? Se aos 12 anos ele disse que lhe importava “cuidar dos negócios do seu Pai”, depois de adulto ele teria menor consciência disso? De onde vem esse sentimento de colocar o Santo de Deus sob suspeita, como se ele algum dia duvidasse de sua verdadeira missão nesse mundo ou se colocasse em situação minimamente indecente? (Falar isso ainda que por hipótese me faz tremer).
Não se pode negar a humanidade real do Senhor. Ele foi, desde sua concepção pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria, um homem real, 100% real. A Bíblia afirma que ele foi tentado em todas as coisas à nossa semelhança. Isso inclui todos os tipos de tentação em todas as áreas da vida. É verdade que Ele é Emanuel, o Deus conosco, que “armou sua tenda” entre nós, que falou a nossa língua, que viveu nossas tristezas (“sabe o que é padecer”). Mas a Bíblia também afirma que nem sequer em sua boca se achou dolo. Ou seja, ele nunca se enganou nem nunca se arrependeu de uma única palavra que tenha proferido em toda a sua vida. Sua santidade é absoluta. Seu caráter, irretocável. Seu comportamento, irrepreensível.
O Jesus que conheço, que mudou a minha vida e que influenciou a História como ninguém mais não é o “Jesus” da Globo. Ela quer esse “Jesus” irreverente, indeciso, mulherengo, indisciplinado porque esse “Jesus” não é Deus nem Senhor. E não sendo Deus nem Senhor, não pode determinar, comandar, controlar nossas vidas e atitudes.
Todos querem um “deus” manipulável. Um “deus” que se possa descrever com palavras ou filmes na época do Natal, somente para depois guardá-lo numa estante ou numa caixinha e esquecê-lo nos próximos 12 meses. Um “deus” à semelhança dos postos de gasolina: “abasteça e use nossa loja de conveniências”.
Não. Assim Ele não quer. O diabo, o inferno e todas as suas sucursais (Rede Globo incluída) podem rugir quanto quiserem. Mas a verdade continuará de pé para sempre: A ESTE JESUS QUE VÓS CRUCIFICASTES DEUS O FEZ SENHOR E CRISTO!!! e ACERCA DO FILHO DIZ: O TEU TRONO, Ó DEUS, PERMANECE PARA SEMPRE!!!
Aleluia! Bendito o nome do Senhor para sempre! Ele é Deus perfeito que, em humanidade perfeita, habitou entre nós e tratou do pecado. Bendito mistério! Deus em carne, Verbo feito gente. Mas para sempre Deus! E para sempre Senhor!
A história mais linda do mundo é a do verdadeiro Jesus. Nada poderá apagar o brilho e a glória refulgente deste Ser singular, a quem tanto amamos.
Nem Hollywood, nem a Globo. Ninguém!
Pensando bem:
“Descrever uma coisa material é fácil para pessoas comuns; descrever sentimentos é mais difícil, mas os bons artistas conseguem; mas descrever coisas espirituais é impossível no nível da natureza humana” (Débora Belatto, Doutorando em Engenharia Mecânica, UNICAMP)