“A Igreja Católica tem que mudar e a primeira coisa a fazer seria reconhecer a crise que a envolve, da qual temos todos um pouco de culpa”, admitiu o teólogo jesuíta José Ignácio González-Faus, em entrevista concedida ao jornal espanhol Hoy, no início de outubro.
O professor emérito da Faculdade de Teologia da Catalunha chegou a dizer, certa ocasião, “meio intempestivamente”, como admitiu, que a cúria romana havia feito mais ateus que Marx, Freud e Nietzsche juntos.
“O que não dá para negar é que muitos homens se afastam dela e que inclusive mais tarde se sentem vazios e querem buscar preencher esse vazio e se dão conta de que terão que buscar isso fora da igreja”, justificou.
González-Faus não considera evangélico o fato do papa ser chefe de Estado, nem o processo de nomeação a dedo de bispos, nem dos “príncipes da igreja”. “Também é inegável que a mulher não ocupa na igreja o lugar que merece”, acrescentou.
Ele entende a convivência, o afeto e a colaboração entre as religiões como um imperativo e, dentro do pluralismo, a igreja deve defender sempre a eliminação das diferenças entre pobres e ricos. “Em questões sociais e políticas, a igreja sempre tem que se manifestar a favor do pobres, dos mais desfavorecidos”, definiu.