Vai se levando, mei cá, mei lá, vamo tocano inté onde dé.
Pra quê corrê, só pra se cansá? Temos sapatos, mas tamo a pé.
Vai se vivendo “como Deus qué”, dando-se sempre uma de migué.
Se me perguntam, não sei respondê, digo assim… cê sabe cumé!
Nessa vidinha que a gente vive, não há lugar pra grandes questões.
O peito não queima, nem se consome, por grandes sonhos, fortes paixões.
E nesse estado, as frases rotas, voam da boca aos borbotões.
A mediocridade é a felicidade que entorpece aos poucos nossos corações.
Tá rúim, mais tá bão! Vai no pontapé, pega-se no tranco, no impurrão.
Tá rúim, mais tá bão! Pra que voar se é bem mais seguro aqui no chão?
Tá rúim, mais tá bão! Tem gente pior, e isso me serve de consolação.
Tá rúim, mais tá bão! Alguém tem bandeide pra estancar o sangue do meu coração?
Conheço a bíblia, “pero no mucho”. Vivo dela o que me convém.
Ao final das contas, cem por cento santo, aqui na terra, não há ninguém.
Ser como Jesus é um sonho distante a ser realizado na vida além.
Sou religioso, mas não quero morrer crucificado fora da cidade de Jerusalém.
“Vou mastigando o mundo e ruminando e assim vou tocando essa vida marvada!”
E é assim que eu caminho nessa estrada.
“Ê vida amargurada, quanta dor que eu sinto nesse momento em meu coração!
Ô que saudade dela! Não aquento mais, vou lá na vendinha tomá um pingão!”
E é assim que eu sossego meu coração.
“Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade,
Não vou dizer que foi ruim, também não foi tão bom assim…”
E embalada nessas canções de ninar,
A mediocridade é um bebê gordinho que sorri pra mim.
A mediocridade é nosso inimigo secreto, o “ombro amigo”, o “abraço fraterno”
Sua frieza apaga a chama da paixão e ameniza o calor do próprio inferno.
Não se mostra, não se esconde, não afirma, nem decide, não é verão, nem inverno.
Não é boa, mas gostosa, infinita enquanto dura… Seu valor, não é eterno.
Para ruminar vida afora:
“…Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” João 10:10.