Se você não entendeu Pulp Fiction ou achou Kill Bill muito violento, é bem provável que não vai gostar de Bastardos Inglórios, o novo filme do roteirista-diretor Quentin Tarantino – mas você não tem noção da obra-prima que estará perdendo!
A fama de Quentin Tarantino vem de longe. Desde 1992, quando estreou na direção de um longa com Cães de Aluguel, um filme que ainda soa inventivo mais de dez anos depois. Mas, naquela época, ele era mais queridinho de cinéfilos. Hoje, o nome de Tarantino é reconhecido numa esfera mais ampla, principalmente pelo frescor no estilo que ele traz ao cinema moderno. “Bastardos Inglórios” é seu filme mais maduro e bem resolvido, apoiando-se no excelente texto – uma das marcas do diretor -, mas principalmente pelas atuações marcantes e a complexidade narrativa.
Pegando emprestado o nome em inglês do épico de guerra italiano Quel Maledetto Treno Blindato (1978), “Bastardos Inglórios” acompanha um grupo de militares estadunidenses que, liderados pelo Tenente Aldo Raine (Brad Pitt num papel impagável), resolvem matar nazistas na França ocupada, durante a Segunda Guerra Mundial. A premissa é bem simples e parte daquele famoso princípio que os EUA sempre se consideraram policiais do mundo. Aqui, eles também são. Tomando as dores de milhões de judeus que sofriam estando na mira do regime nazista, resolvem partir para o ataque sem maneirar na violência.
Claro, maneirar na violência não é com Tarantino, que leva elementos bem yankies aos territórios europeus neste seu novo longa-metragem – como o soldado conhecido como Urso Judeu (Eli Roth), que usa um taco de beisebol para matar nazistas. Aliás, nada mais americano que o sotaque de Brad Pitt, totalmente sulista e extremamente divertido.
O personagem que fica no encalço dos Bastardos é o cínico Coronel Hans Landa (Christoph Waltz), detetive conhecido como “Caçador de Judeus” que age à procura de judeus escondidos na França a serviço da SS. Waltz – ator alemão premiado em Cannes por conta deste seu primeiro papel no cinema norte-americano -, o antagonista, trava um duelo memorável com Pitt, o protagonista. Os personagens estão juntos em cena durante poucas, mas bastante pontuais, cenas do longa. O duelo é principalmente apoiado por excelentes atuações, dando base ao positivo resultado final ao filme. Tanto que é difícil não ficar simpático ao antagonista: Waltz constrói um personagem que, embora conduzido pela crueldade de um regime político como o Nazismo, tem carisma e conquista o público com sua ironia.
O roteiro de “Bastardos Inglórios” levou dez anos para ficar pronto e esse tempo de maturação é refletido na tela. Tarantino mistura figuras reais – como Adolph Hitler (Martin Wuttke) e Joseph Goebbels (Sylvester Groth) – aos fictícios, criando uma trama ficcional capaz de prender o espectador o tempo todo. E, como já é de praxe, Tarantino mistura cenas de extrema violência ao humor, dando um ar mais palatável, digamos, ao sangue derramado.
Só para quem já viu o filme (selecione com o mouse para ler):
– Tarantino é mesmo um gênio! A primeira cena podia ser tão simples na mão de qualquer outro diretor mas o cara faz dela algo tão tenso que até agora estou com as mãos travadas;
– A cena da taverna é uma das mais longas que consigo me lembrar mas é impressionante como nossa atenção não se desvia nem um segundo mesmo em meio a tantos diálogos;
– Me recuso a comentar sobre o final do filme mesmo nesta área reservada, mas conhecendo a imprevisibilidade de Tarantino, eu já cantei pra minha esposa que aquilo aconteceria. E mesmo assim aplaudi!
(Com informações do site Cineclick)