História de pescador

Eu vi a morte de perto seu moço! Eu vi a morte, vi sim!
Ela arreganhou os dentes e veio pra cima demim!
Tinha cara de muié, bonita que só o trem!
Sorria alegre, faceira, mas não sorria pra mim, e acho que pra ninguém.
Sorria de todo mundo, zombava de tudo nóis.
Num disse sequer bão dia, pois quando vem, não avisa; acho até que a morte é muda!
Tem boca, mas num tem vóis.
E que bocão, seu moço! Engole que é um alvoroço, sem se importar com quem seja!
Até mesmo Jesus Cristo, a danada engoliu, faminta que é; Ora veja!
Eu disse que ela é bonita, mas é modo de dizê, sabe como é?
Quando se está aperreado, com o coração apertado, sem enxergar solução, a morte até parece, lhe cai bem, lhe apetece, qual abraço de muié.
Laivem… como quem não quer nada, como vaca amuada, parece até solução.
Mas qual o que sô! Quem não te conhece, é que te compra, filha do “coisa ruim”!
Solução está na vida, na vida eterna e gloriosa, que Cristo ganhou pra mim.
Num dianta, vim maquiada, cheia de gesto e de prosa, quereno me ingambelá!
Por mais que passe perfume, a morte cheira a estrume, num dá nem pra disfarçá.
Nem todas as frô do mundo, podem infeitar a morte, hoje digo pro sinhô.
Eu vi a morte seu moço, ora feia, ora bonita… e antes que ela me levasse, que a danada me inganasse, sabe o que é que me sarvô?
Num é, que num “belo dia”, doente, na infermaria, alguém vei me visitá?
Me falou do evangelho, de um jeito muito sério, me contou de Jesus Cristo, dum modo muito bonito, e foi aí que eu entendi!!!
Que a marvada foi gulosa, engoliu nosso Sinhô, mas não foi forte o bastante, pra podê lhe segurá. E assim, no terceiro dia, num brado de alegria, rasgou a barriga dela e saiu vivo de lá!
Foi então, que, quando ela veio, pra me grudunhá pro meio, como quem diz: – Vão simbora!
Num apelei pra S. Pedro, S. Jorge, S. Antônio, e nem pra “Nossa Senhora”.
Clamei o nome de Cristo, poderoso sobre a morte, pra me valê naquela hora!
E foi assim, seu moço, que eu vi a morte de perto, e iscapei pra contá!
Foi justo naquele dia, quando pensei que morria, que eu comecei a viver!!
Sei que a danada é tinhosa e que tanto vai fazê, que pode até me levá. Mas, de novo um belo dia, o mesmo brado de alegria, vai se ouvir da terra ao céu, e Cristo o vitorioso, vai usá aquela cruz, onde ele foi colocado, como espada de dois gumes, e abrir a barriga da baita, como fez com aquele véu! E os que foram devorados, sairão glorificados pra junto do seu Senhor, e seremos para sempre, sua herança bendita, seu troféu, sua alegria, pra louvor da sua glória!
E aí sim, seu moço, quando aos pés dele, tudo tiver sido posto, será o fim dessa história!

Para ruminar vida afora:

“E quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: tragada foi a morte pela vitória. Onde está ó morte a tua vitória? Onde está ó morte o teu aguilhão? Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” I Corintios 15:54,55,57.