Justificamos nosso título de cristão com a explicação: “sou seguidor de Cristo”. Mas se somos seguidores de Cristo, creio que nós nos perdemos tentando seguir Ele há pelo menos 2000 anos.
A visão que está nos templos é que a igreja transparece o que a bíblia diz, principalmente o novo testamento. Todas as igrejas querem para si o título de “igreja mais parecida com a igreja de atos”. Algumas dizem: “na minha igreja existe cura de enfermos, por isso, somos como a igreja de atos.” outras dizem “Temos um estatuto perfeito, que elimina a possibilidade de líderes que usurpem o povo, somos como a igreja de atos”. Mas não paramos para observar como Jesus era e vivia.
Se seguíssemos de fato a Jesus, entraríamos pouco num templo. O novo testamento relata poucos momentos em que Jesus está no templo. Será porque ele não ia muito? Talvez sim, ou talvez porque isso não fizesse diferença. O impacto que Jesus causou na humanidade foi com o que ele fez fora do templo. O que ele fez dentro é relatado muitas vezes com questões que desfavorecem nossa vida religiosa.
Em um destes momentos, narrados no novo testamento, Jesus sai bagunçando tudo e quebrando barracas de comércio, possivelmente até trocando pontapés e socos com vendedores. Em outro momento Jesus quase é apedrejado e tem de sair pela tangente. Nosso modelo definitivamente não é o de Jesus, e das duas uma, ou não somos cristãos, ou Jesus não era.
Jesus ia ao templo apenas para gritar que os que estavam ali corromperam a casa do nosso Pai. Jesus ia ao templo para dizer o que tento dizer através deste artigo. Nossas igrejas pouco têm a ver com Cristo. Pouco seguimos seu exemplo de sair, pelo mundo afora, curando e libertando pessoas.
Pensamos: “nós não conseguimos isso, não somos como Ele”. Ele já nos dizia: “Vos dei autoridade para isto, não para oprimir seguidores de uma religião, mas para curar e libertar pessoas. Nisto farão coisas maiores do que fiz.”.
Nós simplesmente não entendemos o que Jesus queria dizer, e continuamos sustentando nossas paredes de concreto e nossa liturgia sagrada. Continuamos vendendo paz de espírito em troca do dízimo. Continuamos sustentando uma esfera de purificação do que julgamos ser certo ou errado. Continuamos odiando o nosso próximo e amando a nós mesmos.
Para não transformar este artigo numa maré de pessimismo acerca do que temos vivido, digo a vocês – temos saída, irmãos. Igreja não é onde você vai no domingo, igreja é a pessoa que chora com você de segunda a sábado. Igreja não é onde você leva seu dízimo, é o mendigo a quem você deu um pão, parou para conversar e saber um pouco de sua vida.
As pessoas que são igreja com você, não precisam ter o rótulo de “salvo”; basta serem alguém com quem você pode falar: “Não sabemos de nada dessa vida, não é mesmo? Vamos buscar Aquele que nos criou para sabermos pelo menos como viver neste caos. Me ajude, irmão.”
Deus tenha misericórdia de nós.