O Cristo desconhecido pela atual igreja

É incrível como muitos conceitos bíblicos são vistos até mesmo pelos cristãos como utópicos. Jesus pregou algo concreto. Ele praticou de fato o que pregava, como quem quer dizer – “olha pessoal, dá pra fazer hein!”.

Infelizmente todos nós somos tentados a pensar – “Ele conseguiu porque era Deus, eu não”. Conceito que praticamos no nosso dia a dia, mas que vai totalmente contra o que nós mesmos pregamos, afinal, Ele não se desfez de sua divindade, tornou-se homem, habitou entre nós?

Fico cada vez mais surpreendido com o quanto transformamos Jesus no que queremos que Ele seja. Como automatizamos os processos religiosos, não só nos casos extremos que estamos acostumados a criticar, como o mercado da fé das igrejas neo-pentecostais, mas todos nós, cristãos, protestantes, católicos, etc. Todos, sem exceção, fazemos isto.

Ontem estava pensando: em que lugar da bíblia vemos o nosso conceito de “aceitar a Jesus”? Quando que Jesus perguntou pra alguém se alguém o aceitava? Só me lembro dele dizer – “siga-me”. É tão ridículo o que fazemos em nome de Deus! Parece um “clube do bolinha” ou “da luluzinha”. Quem quer entrar no meu clube põe o dedo aqui! Em outras palavras… quem quer entrar na minha religião, aceita a Jesus… e deixa eu mandar. Acho que muita gente se pergunta: “Poxa, mas se eu aceitei a Jesus porque que eu tenho que obedecer esse tal de Pastor não sei das quantas?”.

O mais engraçado é que Deus se manifesta em toda a humanidade, inclusive no “mundo”. Para quem não conhece o evangeliquês, os evangélicos, chamam de “mundo” aos que não vão a um templo evangélico. Muitas vezes, o “mundo” tem manifestado a sabedoria Divina, muito mais do que as próprias igrejas. Talvez porque a bíblia não tenha o mesmo conceito. Na bíblia, mundo são os que ainda não vivem como Cristo. Nesta perspectiva vemos que muitos evangélicos são “do mundo”.

Se olharmos bem, empresas como o Google e Pixar tem uma organização bem mais cristã do que as igrejas. A wikipédia é um sistema envolvido por uma lógica cristã, onde todos tem voz, todos colaboram para um propósito e passamos a ter a possibilidade de ter a verdade moldada por diversos pensamentos que, na sua totalidade, seriam contraditórios, mas se complementam no propósito de informar um pesquisador.

Talvez seus idealizadores sejam cristãos, ou até mesmo funcionários. Eu acho que independente de serem ou não eles funcionam assim pois entenderam que é assim que as coisas funcionam. Por que exigir que um funcionário trabalhe das 8h as 18h todos os dias, sem opções de descanso, num ambiente fechado, de terno e gravata num calor de 40 graus? Estas empresas perceberam que podemos produzir muito mais trabalhando quando queremos e como queremos, com uma única coisa que nos mantém em limites para não darmos brechas para a preguiça. O prazo de entrega… (eheh).

Assim como temos exemplos em empresas, você pode dar uma caminhada na praça da sua cidade e puxar conversa com um mendigo. Provavelmente verá mais felicidade e reconhecimento da existência de Deus do que em sua própria vida.

Os ateus atribuem isto à falta de instrução dos pobres. Santa idéia idiotesca! Muitos mendigos são mais instruídos do que diretores de empresas. A diferença deles para um ateu é que eles vivem na miséria, por isso sabem que Deus existe, porque se não existisse, nem na miséria estariam.

Um ateu falando de Deus é como um menino de 12 anos falando da ditadura, como um historiador justificando os motivos da guerra para um sobrevivente, é como o “comam brioches”(*) de Maria Antonieta, declarações sem a menor vivência e experiência com o que se está questionando.

Da mesma forma um religioso, vulgo crente, falando de Deus acaba entrando no mesmo barco, pois o que temos hoje são pessoas que conhecem face a face o emocionalismo, conhecem os poderes da mente humana, conhecem a barganha com o sagrado, etc. São pessoas que, como os ateus, não experimentam de Deus e sim cultuam o pecado e o chamam de “deus”.

Que Deus tenha muita misericórdia de nós.

Graça e Paz

Notas:

* mito de que ao dizerem para a rainha francesa Maria Antonieta que o povo passava fome porque não tinha pão, ela respondeu – “pois então que comam brioches”, sem ter a experiência de que para o povo as coisas tem um preço e que brioches eram muito mais caros do que pão.