Os moradores de Cité Soleil, uma das favelas mais conhecidas de Porto Príncipe, a capital do Haiti, sofrem com a violência e o medo, duas semanas depois do terremoto de sete graus de magnitude que devastou o país. Em uma das vielas da favela, um grupo de mulheres vem cantando hinos religiosos e realizando cultos do lado de fora de uma igreja destruída pelo tremor, na tentativa de manter afastadas gangues de criminosos.
“Não há água, comida, nada”, disse Elote Pierre, a mulher do pastor responsável pela igreja. “Quando chega a noite, sentimos ainda mais medo. Temos que ficar juntas por segurança. Ficamos juntas, rezando. Não dormimos.”
Parte da congregação perdeu suas casas, parte não voltou para suas residências temendo ser estuprada se for encontrada sozinha. Elote Pierre vive em Cité Soleil desde 1969 e disse que as coisas nunca estiveram tão ruins.
“A situação nunca foi fácil para a gente”, disse ela. “Mas este é o momento mais difícil e o mais perigoso. Não recebemos ajuda de ninguém, e não há ninguém para nos proteger. Nossa única proteção vem de Deus”, disse ela, levantando as mãos para o céu.
O terremoto do último dia 12 de janeiro criou um vácuo de segurança na capital haitiana. Mais de 4 mil prisioneiros escaparam das ruínas da principal prisão haitiana. Muitos deles voltaram para casa em Cité Soleil, segundo o promotor local Evens Leveque.