Toma, besta!

(1 Sm 8:11-19)

Quando eu era criança, na rua com a molecada, era comum uns dizerem aos outros – “Toma, besta!” – querendo dizer – “bem feito!”, ou “quem mandou você se intrometer?”, ou “quem mandou você falar demais?”, “se achar demais”, etc.

Pediram um rei, não pediram? Toma, besta! Rejeitaram o Rei dos reis? Toma, besta! Abriram mão de ser governado pelo Deus de toda terra? Toma, besta!

Eu gostaria que pensássemos na tragédia que pode ocorrer conosco, se deixarmos “o manancial de águas vivas e cavarmos cisternas rotas que não podem reter as águas” Ec 2:13. Foi isso que Israel fez, e é isso que muito crente tem feito.

Não se trata de negar a graça e a misericórdia de Deus, aliás, se não fosse por isso, seria desgraça irreversível. No entanto, a bondade do Senhor não elimina a lei das consequências, a lei do colher o que se planta, a lei dos resultados de nossas próprias escolhas.

Dê uma olhada de leve nos direitos do novo rei:

I. Seus filhos pertencerão ao rei (vv. 11-13) – Quando Deus constituiu a Israel como Seu povo particular, no Seu projeto, as famílias eram prioridade. As famílias eram a base da comunidade, a base da Obra de Deus na terra. No entanto, o rei teria mais autoridade do que os pais, e o que era pior, poderia levar os filhos quando bem entendessem, para servir no palácio real, na corte e na guerra. Seus filhos se tornariam moedas de troca, presentes para fazer alianças.

O que isso tem a ver conosco? Nossos filhos são herança de Deus, são tesouros que pertencem a Ele, mas Ele os deixou em nossas mãos para encaminhá-los nos Seus caminhos, na Sua obra, ensinando-os a amá-Lo e a temê-Lo. Mas nossa tarefa não alcançará bom êxito se abrirmos mão do reinado de Cristo em nossas famílias. O “novo rei” poderá tomá-los de nós, poderá levá-los para longe do Senhor.

II. O melhor de seus bens pertencerão ao rei (vv. 14-17) – Deus queria um povo próspero e o abençoou, dando-lhe riquezas e muitos bens. Porém, o rei teria autoridade de confiscar o que bem entendesse, poderia ficar com as primícias.

Quando trocamos de rei, podemos até ter bens materiais, no entanto, tais bens não podem nos alegrar por completo. Podem até nos dar um certo conforto, mas nunca a paz, nem um coração alegre de um súdito do Rei dos reis. Sem contar que, a qualquer momento, tudo pode ser confiscado de nossas mãos sem aviso prévio.

Samuel advertiu ao povo – “Não adianta depois reclamar, pois não ouvirei a sua voz” (v. 18) – mas a resposta deles foi curta e grossa: “Não faz mal, teremos um rei que reine sobre nós!” (v. 19).

Pense:

Vale a pena trocar de rei? Vale a pena querer ser o seu próprio rei? Vale a pena que o deus deste século governe sua vida? Você não quer colher os frutos amargos, quer? Não dê oportunidade pro diabo dizer a você: Toma, besta!