O Vaticano acusou o conflito israelo-palestino de afastar os cristãos do Oriente Médio, além de tornar difícil a vida dos que permanecem vivendo na terra santa. O documento será apresentado em outubro, durante um encontro de 150 bispos do Oriente Médio, convocado pelo Papa Bento XVI, para discutir a presença cristã numa região predominantemente muçulmana.
Segundo o organizador do congresso, monsenhor Nikola Eterovic, há pelo menos 17 milhões de cristãos vivendo do Irã ao Egito e apesar da emigração massiva, a Igreja vem registrando a chegada de novos imigrantes católicos – sobretudo de países como Filipinas, Índia e Paquistão – que desembarcam no Oriente Médio em busca de trabalho, muitas vezes, ilegal, como empregados domésticos e operários.
O documento deixa claro que o conflito israelense-palestino é a raiz de diversos conflitos na conturbada região e não poupa críticas a Israel pela ocupação de terras palestinas na Cisjordânia.
“A ocupação tornou difícil o dia-a-dia, diante das dificuldades de acesso a lugares sagrados. A solução dos conflitos está nas mãos do país mais forte e em sua política colonizadora, que inflige guerras a outros países”, diz o texto.
Perguntado se o documento se referia especialmente à ocupação israelense na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, Eterovic recuou e afirmou que o Vaticano não está adotando posturas políticas ou sequer fazendo recomendações no memorando. O monsenhor, no entanto, advertiu que o texto fora elaborado por bispos oriundos do próprio Oriente Médio, “que conhecem bem a região, independentemente das posições do Vaticano quanto às decisões adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU”.