Os padres acusados de abuso sexual e pedofilia devem ser punidos, inclusive pela Justiça comum, considerou nesta terça-feira o cardeal brasileiro Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, em entrevista ao Osservatore Romano, o jornal do Vaticano.
Referindo-se ao “doloroso caso irlandês”, o cardeal brasileiro disse que “é preciso determinar objetivamente as responsabilidades por tamanha dor”. “É preciso ir até o fim, com determinação, inclusive recorrendo à Justiça comum”, para punir os culpados de abusos, acrescentou Hummes.
Esta questão “prejudica as vítimas, em primeiro lugar, mas também atinge profundamente o coração da Igreja”, estimou o cardeal, pedindo também para “não se generalizar” a questão.
Cláudio Hummes lamentou o impacto deste tipo de caso sobre a imagem dos padres. “A imprensa destaca estes casos, em vez de falar das coisas boas da imensa maioria dos padres”, afirmou.
“Não podemos negar a existência de episódios dolorosos, mas são casos limitados”, prosseguiu o cardeal.
“A enorme maioria dos padres do mundo é composta por pessoas dignas, comprometidas, prontas para dar a vida”, disse o prefeito.
No dia do Natal, dois bispos irlandeses apresentaram sua renúncia ao Papa Bento XVI, elevando o total de demissões voluntárias a quatro, depois de um relatório acusando a Igreja Católica de acobertar os crimes cometidos por padres pedófilos na região de Dublin.
O relatório Murphy denunciou os dirigentes do arcebispado de Dublin, o maior da Irlanda, por terem protegido os padres culpados de abusos sexuais sobre crianças.
No dia 29 de dezembro, um padre italiano, Luciano Massaferro, foi preso em Alassio (noroeste) por abusar sexualmente de uma menina de 11 anos.