Água viva

“Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o Dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá- me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” [1]

Recentemente fiquei imaginando a situação da mulher do poço descrita no Evangelho de João. Obviamente não existia sistema de tratamento de água naquela época. A água não passava por controle de qualidade (temperatura, acidez, micróbios e etc…). Entretanto a história do povo de Israel nos conta que aquele poço serviu à Israel durante muitos anos. Diariamente pessoas vinham à sua borda para servir seu gado, para regar a horta e para satisfazer a própria sede. Aquele poço certamente acompanhou a vida de algumas gerações de judeus que cresceram saciados pelas suas águas.

De fato, nenhuma comunidade pode viver sem uma fonte disponível para o abastecimento hídrico. O governo federal brasileiro possui vários projetos para minorar o problema da seca no nordeste. Vários projetos foram iniciados e milhões de reais gastos na tentativa de levar água à aridez dos sertões. Vez por outra você acompanha algumas reportagens a respeito da grande produtividade obtida em áreas irrigadas. Onde a água está, há abundância de produção e a vida explode em cores.

O diálogo entre Jesus e da Samaritana no poço fez-me pensar sobre algumas questões até então um pouco escuras para mim. Jesus disse à. mulher que os que bebiam da água do poço “tornariam a ter sede (13)”. Durante muitos anos eu atribuí o simbolismo desta água que torna a dar sede à coisas escusas – roubar, matar, difamar. Deus, porém, me fez pensar em algo além. Ora, como pode Jesus comparar líquido tão precioso à atitudes tão carnais? Não. Beber a água do poço e tomar a ter sede fala bem mais do que cometer atos escusos, Trata- se de qualquer item em nossa vida que nos traz algum prazer, lícito ou ilícito, O trabalho, por exemplo, satisfaz nossas necessidades individuais, supre nossas famílias. Entretanto, muitas pessoas estão escravizadas pelo jogo do mercado que, como bem disse o Marcos Soares, não é nada Justus! Posso enumerar muitas coisas lícitas e que nos dão prazer que podem ser comparadas à água do poço, em virtude da transitoriedade da sua satisfação.

Até mesmo dentro da igreja nós podemos observar isto. Quantas comunidades cristãs são movidas a trabalhos especiais, a. grandes eventos, feiras, CDs, missionários, canais de rádio e televisão? Nã que eu seja contra qualquer uma destas coisas. Absolutamente, Gosto muito de escrever ouvindo um CD com músicas cristãs, assistir à algumas mensagens na televisão, participar de feiras, congressos., seminários, cultos, vigílias e outras programações.

O que Jesus disse à mulher que a água que não traria mais sede não estava disponível na vida trivial. Ao iniciar sua resposta, Jesus diz o ponto crucial; “Se conheceras o Dom de Deus e quem é o que te diz…” Veja bem, de que adianta você trabalhar honestamente (satisfazendo suas necessidades materiais), ser honesto (satisfazendo suas necessidades morais), ir à igreja ou consumir produtos cristãos (satisfazendo suas necessidades rituais), se você não gasta tempo para CONHECER O DOM DE DEUS?

A mulher do poço quis provar da Água – “Senhor, dá-me dessa água para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la (v. 15)”. Jesus estava disposto a lhe dar “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna v. 14)” Após a confrontação com seu pecado, a mulher reconheceu que Jesus seria o Messias tão esperado. Ele era a resposta à angustiante sede que havia em seu coração.

A mulher entendeu que, para beber a água da vida era necessário Conhecer o Dom de Deus (lembre-se que Jesus passou ainda dois dias com os samaritanos por causa do testemunho da mulher cf. v.40).

Não seria o momento de repensar nossas atividades diárias e, até mesmo na igreja? Quanto mais de Jesus eu estou conhecendo fazendo isto ou deixando de fazer aquilo? Como eu estou mais íntimo do Dom de Deus?

Até a próxima.

Notas:

[1] João 4:10.