Violência contra cristãos continua no Egito – irmãos pedem ajuda

Desde a manhã de sábado, 21 de novembro, a cidade no Alto Egito de Farshoot, e também as cidades vizinhas de Kom Ahmar, Shakiki e Ezbet Waziri, tem sido o palco de constante violência muçulmana contra os cristãos egípcios. A multidão saqueou, e praticou atos de vandalismo e também queimou as propriedades de alguns cristãos, enquanto outros se refugiaram dentro de casa, temendo sair e serem violentados. Uma das testemunhas disse à Reuters Cairo : “o caos está tomando conta da cidade”.

A violência ainda continua. Há relatos de que sete mulheres cristãs da Igreja Copta foram levadas a força para cativeiro.

Testemunhas dizem que aproximadamente 3.000 muçulmanos nervosos ficaram reunidos em frente ao prédio da Policia em Farshoot, esperando pela transferência de Girgis Baroumi para o tribunal onde seria renovada sua sentença, apenas para sequestra-lo e matá-lo. O bispo Kirollos disse que um acordo havia sido feito com a família da garota muçulmana Yousra para que aguardassem a decisão do tribunal “mas eles não esperaram por ela.”

O pastor da Igreja Reverendo Benjamin Noshi estava dirigindo seu carro quando a multidão enfurecida parou seu carro e o assaltou. Ele teve traumatismo craniano e está no hospital.

À noite muitas lojas e propriedades foram saqueadas e queimadas. “Eles estão destruindo a economia dos coptas nessas áreas”, disse Wagih Yacoub da Associação Cristã do Oriente Médio.

Uma testemunha disse que algumas famílias Cristãs Egípcias foram arrancadas de suas casas, as quais foram ocupadas por mulçumanos.

Embora forças armadas tenham sido acionadas, eles não tomaram nenhuma atitude para acabar com a violência, e estão a postos para proteger o quartel policial de Farshoot depois que a enfurecida multidão de muçulmanos lançaram pedras contra o quartel e atacaram oficiais. O chefe de investigação Essam Hany foi ferido junto com os outros.

Testemunhas dizem que a Policia apenas assistiu a multidão mas não os prendeu e por isso ele se dispersaram no meio da rua, sem nada acontecer a eles.

O ato de violência dos muçulmanos intensificou-se após ser divulgada na última quarta-feira , dia 18 de Novembro de 2009, a noticia de que um garoto cristão de 21 anos, Giurgis Baroumi, de Kom Ahmar, havia abusado sexualmente de uma garota muçulmana de 12 anos identificada como “Yousra”. Girgis está detido por causa das investigações policiais pendentes e esperando pelos resultados da pericia. Muitos cristãos acreditam que o incidente do abuso serviu para que os muçulmanos usassem isso como pretexto para iniciar tal violência contra eles.

Numa entrevista para a Free Copts, Bispo Kirollos disse que definitivamente os ataques foram pré-planejados e usaram os estudantes de Al-Azhar Institute em Farshoot. Ele também salientou a falha das forças armadas em cumprir seu papel, que desapareceu sem dar nenhum tipo de justificação, apesar das inúmeras tentativas por parte da igreja de colocar um fim nessas graves violências contra os cristãos e suas propriedades.

Ele também acrescentou que mesmo que a história do incidente com a garota muçulmana venha ser comprovada como verdadeira isso foi um caso isolado e não justifica um ataque em massa aos cristãos que querem paz, quem denunciou o ato com certeza é alguém que não conhece os ensinamentos cristãos: “Então porque os ataques bárbaros por parte dos muçulmanos? E porque as forças armadas não os detêm?”

Conversando com o Boletim News Coptic, o bispo disse que após ser informado das acusações de estupro na quarta-feira, Ele teve que retirar os cristãos assustados de Kom Ahmar e Shedid para fora da vila para que estivessem em segurança: “Entretanto, todos os prédios comerciais que pertenciam aos cristãos como, farmácias e carros que estavam em Farshoot e Ezbet Waziri estão completamente destruídos”, disse o bispo Kirollos.

Reverendo Elisha, Pastor de St. Michaels Church in Farshoot descreveu a violência de Sábado como “parecida com a guerra de Tartar, eles colocaram fogo em lojas, farmácias, quebraram portas e aterrorizaram os habitantes”

Sobre o caso do estupro, ele disse que é duvidoso, além disso por causa do processo não é permitdo que ninguém veja o garoto acusado. “O investigador oficial de Farshoot me contou que a garota muçulmana tinha certeza apenas que seu agressor usava uma jaqueta preta – nada mais”.

“Nós nunca fomos tão humilhados e amedrontados como cristãos em toda nossa vida. Os muçulmanos fizeram crucifixos de madeira e as queimaram nas ruas”, de acordo com uma testemunha. “Nossa religião, e nosso Deus foram abertamente insultados”.

Ninguém se aventura a sair nas ruas, nenhum dos cristãos contactados foram capazes de afirmar o número de pessoas que morreram, ou o número de feridos.

O Bispo Kirollos se reuniu urgentemente com todos os pastores da região, em face da gravidade da situação. Ele deu instruções que não houvesse culto de domingo dia 22 de novembro temendo pela segurança das congregações cristãs.

“Se a Organização de Direitos Humanos Internacional ao redor do mundo permanecer quieta sobre o que está acontecendo com os cristãos no Egito, então eles não servem, eles apenas usam um slogan, nada mais” – lamentou uma das vitimas.