Outro mercado é possível, enfatizou a teóloga presbiteriana cubana, Ofelia Ortega, ao falar para o Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reunido em Genebra de 26 de agosto a 2 de setembro. “Não se pode ter paz no mercado sem comércio justo e as regras que dominam hoje em dia o intercâmbio comercial mundial provocam violência”, disse.
A cobiça é fonte de violência, tanto no individual como no coletivo, explicou a pastora cubana. Ela defendeu uma economia eco-social, baseada na solidariedade e no compartilhar de recursos.”
Ortega é presidente do CMI pela América Latina e o Caribe. Coube-lhe refletir sobre a paz no mercado, um dos temas centrais da Convocação Ecumênica Internacional pela Paz (CEIP), que terá lugar em Kingston, Jamaica, em maio de 2011.
O pastor Gary Harriott, secretário-geral do Conselho de Igrejas de Jamaica, comentou, em entrevista coletiva, a importância da Convocação para o seu país, onde a violência está presente em todas as ilhas do Caribe.
Divisões políticas nas comunidades, tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e lutas territoriais entre facções são alguns dos fatores que contribuem para a violência, explicou Harriott.
Harriott trouxe o exemplo da União Batista de Jamaica, que iniciou trabalho de mediação e resposta às situações traumáticas em duas comunidades de Kingston que estão divididas por questões políticas.
Os batistas proporcionam formação aos integrantes dessas comunidades para que possam enfrentar esses conflitos e capacitam jovens, que estão aprendendo a ler e a escrever. “Isso produz mudanças significativas em suas atitudes e comportamento, porque crescem em auto-estima e a imagem que tem deles a comunidade se modifica”, assinalou Harriot.
As pessoas não sabem negociar os conflitos pacificamente. “Há necessidade de aprender a resolver os problemas sem recorrer à violência”, afirmou.
A Convocação Ecumênica Internacional pela Paz tratará quatro grandes áreas temáticas: a paz na comunidade, com a busca de formas liberadoras de viver sem violência; a paz no mercado, de luta por relações comerciais justas; a paz na terra, com o propósito de solucionar conflitos provocados pelo desejo de dominar as riquezas naturais do planeta, e a paz entre os povos, com o imperativo moral de trabalhar pela solidariedade e justiça.