O Diário de Jó: Será que vale a pena?

“Finalmente, Jó começou a falar e amaldiçoou o dia em que tinha nascido”[1]

    O Vale do Desespero

    Estou a um bom tempo sem falar nada. Meus amigos estão ao meu lado em silêncio. Eles estão se condoendo comigo.

    Por que eu fui nascer? Por que viver se toda doçura da vida converteu-se em amargo fel? Será que vale a pena? Se eu não tivesse nascido, não teria que passar por quaisquer destes sofrimentos.

    Por que deixar os infelizes saberem o que é a vida? Por que deixar os sofredores viverem, quando eles desejam tanto a morte? Por que ela não vem? Para os desesperados a morte vale mais que um tesouro! Que alegria para eles encontrar alívio e descanso numa sepultura! Por que deixar viver um homem que só terá sofrimento, uma vida que Deus cercou de tristeza por todos os lados? De tanto chorar e gemer, nem consigo comer! Minhas lágrimas correm como uma fonte! A desgraça que eu tanto temia acabou caindo sobre mim! Não tenho paz, nem alívio de meus sofrimentos; só dor e tristeza.[2]

Algumas pessoas pensam que, pelo fato de Jó não ter negado a Deus, ele não tinha pensamentos negativos. Sim, ele teve.

Reconhecer a soberania de Deus no sofrimento é também necessário para conhecer por completo a pessoa de Deus. Se eu continuo amando a Deus, mesmo quando Ele permite que coisas ruins me aconteçam é porque eu O amo pelo que Ele é e não pelo que Ele me faz. Isto contradiz o que muitos pregadores modernos proclamam em seus púlpitos. A teologia do `sofrimento zero` é incompatível com o desenvolvimento de uma fé madura e firme, porque se baseia somente em situações agradáveis que produzem pensamentos positivos.

Quando, mesmo tendo pensamentos negativos sobre as situações, conseguir adorar a Deus com coração sincero, começarei a caminhar no sentido da Intimidade.

Até a próxima.

Notas:

[1] Jó 3:1 (BV) [2] Jó 3:20-26 (BV)