O Diário de Jó: A segunda torre caiu

“Então satanás partiu da presença do Senhor e lançou uma terrível doença sobre Jó…” [1]

Os bombeiros de Nova Iorque ainda não tinham começado a contabilizar as vítimas do desabamento da primeira torre do WTC quando ouviram outro estrondo. A segunda torre também estava desabando.

Será que não basta somente uma tragédia? Será que precisa de mais?

    Dia de Cinza

    Não me reconheço mais. Minhas riquezas se foram. Mais ainda, meus filhos – minha alegria – morreram. Estou vivendo os dias mais cinzentos de toda minha vida. Ainda bem que o Senhor não me abandonou, pois é nEle que estou encontrando forças para continuar vivendo.

    Amanheci hoje com uma coceira terrível. Não conseguia parar de coçar. Olhei e eis que meu corpo estava coberto por úlceras. O cheiro era repugnante. Cada ferida estava coberta de pus. Dói muito. O prurido era tão forte que, desesperadamente, eu comecei a me coçar com um caco que achei por aí.

    Todos se afastaram de mim por causa disto. Minha esposa disse que Deus não gostava de mim e que eu deveria abandonar minha fé. Veja que coisa louca! Foi assim mesmo que eu a chamei: Louca! Como eu abandonaria Deus? Se Ele permitiu que algo assim me acontecesse foi porque Ele é Soberano!

Nada mais restava para ser destruído em Jó. Tudo o que lhe trazia bons sentimentos foi retirado. Satanás, então, cria outra teoria: Jó era íntegro porque Deus lhe dera uma boa saúde. Ele está certo que Jó poderá se esforçar e recuperar tudo o que lhe foi tirado. Se, porém, sua saúde lhe for tirada certamente ele negará a Deus.

As úlceras de Jó não afetaram apenas sua capacidade laborativa. Jó estava também incapacitado sob o ponto de vista social. As pessoas doentes eram tidas como inválidas, impuras. Ninguém podia chegar perto delas. Quando satanás desgraçou a saúde de Jó ele colocou Jó em uma posição em que: ou ele negava a Deus e morria ou dependia de Deus para viver. Com isto o adversário estava tentando dizer: Veja, Jó não é capaz de depender completamente do Senhor.

Mais uma vez o diabo deu com os burros n’água! O que podemos aprender com isto? Estamos prontos a clamar o auxílio de Deus em todas as nossas lutas. Parece, porém, que a ajuda de Deus é mera coadjuvante – uma mãozinha. Pedimos o socorro de Deus mas também damos nossos ‘pulinhos’! Nosso orgulho nos impede de dizer: ‘Senhor, não há nada que eu possa fazer. Eu preciso do Senhor’. Ao invés disto dizemos: ‘Senhor, eu já tentei de tudo e agora eu entrego em Tuas mãos’.

Por que não admitir que dependemos de Deus em tudo? Dói muito. É humilhante demais. Desmerece meu esforço pessoal. E mais uma vez dá razão para o inimigo!

Deus, então, começa a falar no meu coração… você precisa depender de Mim. Fico triste ao ver que você não se esforça por confiar menos nas coisas e em você para confiar mais em Mim. Eu estou aqui. Você parece só me ver para pedir uma mãozinha…

Amados, precisamos alegrar o coração de Deus. Mesmo se doer. Mesmo na escuridão da dor e do sofrimento. Não é fácil. Ninguém disse que seria.

Até a próxima.

Notas:

[1] Jó 2:7 (BV)