O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, suspendeu na última segunda-feira as restrições para o uso de verbas federais em pesquisas com células-tronco embrionárias, decretadas por seu antecessor no cargo, George W. Bush.
“Hoje, com a ordem executiva que vou assinar, vamos trazer mudança que muitos cientistas e pesquisadores, pacientes e seus entes queridos, esperaram e lutaram durante os últimos oito anos”, disse o presidente.
“Vamos levantar a restrição que proíbe usar fundos federais para a investigação promissora de células-tronco”, acrescentou Obama durante uma cerimônia na Casa Branca.
O presidente explicou que não se sabe se a investigação das células-tronco poderá dar resultados positivos para a ciência, mas acrescentou que “os cientistas acreditam que há a possibilidade de nos ajudar a entender e possivelmente curar algumas das doenças mais devastadoras”.
Nesse sentido, expressou que a pesquisa poderia servir para ajudar a regenerar a coluna vertebral e “tirar alguém de uma cadeira de rodas”, ou ajudar a tratar pessoas com doenças cardíacas, câncer, Parkinson, entre outras.
Bush justificou sua proibição ao apontar que o embrião das células-tronco é onde se forma a vida, uma opinião compartilhada pela Igreja Católica e outros religiosos.
Obama indicou que “muita gente decente se opõe” à autorização destas investigações, mas sustentou que “como homem de fé” acredita no dever de “trabalhar para aliviar o sofrimento humano”, e esclareceu que nunca irá autorizar a clonagem de seres humanos.
A medida do presidente norte-americano gerou protestos entre os bispos católicos do país, que afirmaram que a suspensão as restrições representa uma “triste vitória da política sobre a ciência e a ética”.
Trata-se de uma ação “moralmente equivocada”, disse o cardeal da Filadélfia, Justin Rigali, presidente do Comitê Sobre as Atividades pela Vida da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos.
Segundo Rigali, a medida aprovada estimula a “destruição de vidas humanas inocentes, tratando seres humanos vulneráveis como meros produtos para cultivar”. O jornal vaticano Osservatore Romano, por sua vez, disse estar de acordo com as declarações feitas pelos bispos norte-americanos, afirmando que “o reconhecimento da dignidade pessoal deve ser estendido a todas as fases da existência”.