Uma das mais devastadoras coisas que pode acontecer a uma pessoa que admira e respeita outra é vê-la cair e negar os valores que antes defendia e propagava. Em nosso círculo cristão alguns eventos em anos recentes marcaram a queda de proeminentes líderes. Os efeitos dessa tragédia são impossíveis de ser analisados. Talvez só mesmo a eternidade poderá nos revelar.
Creio porém ser importante – dentro desse contexto – levantar a seguinte pergunta: Por que tais quedas nos causam tanta surpresa? A realidade é que líderes caem, e – infelizmente – continuarão caindo. O apóstolo Paulo já havia traçado um quadro perturbador dessa verdade, quando fez a advertência: “Aquele que está em pé veja que não caia”. A realidade é que o perito em assuntos de casamento cai. O perito em finanças vai à falência e o “perfeito” em integridade vai para a cadeia em razão de fraude. Será então que em função desse fato incontestável deveremos desistir de vez dos nossos heróis? Não, de modo algum!
Creio sinceramente que existem lugares para nossos heróis. O que temos que aceitar é que eles não são perfeitos; e o que devemos fazer é aprender a lidar com suas imperfeições.
Entretanto, após fazer tal afirmação não estou me referindo ao indivíduo que abdicou completamente dos seus valores morais, e sim ao homem ou mulher sinceros que eventualmente caem, não obstante tudo aquilo que antes defendiam e propagavam.
Permita-me portanto deixar com você algumas dicas a observar, a respeito de quando seu herói vier a cair… – e isso certamente irá acontecer!
Examine cuidadosamente os eventos posteriores. Não focalize sua atenção no que aconteceu, e sim na maneira em que ele está respondendo à sua queda. Observe a forma em que está se recuperando. Muito mais importante que a queda é a constatação de que ele de fato voltou a se levantar. Eu e você podemos aprender verdadeiras maravilhas sobre isso – talvez muito mais do que qualquer outra coisa.
Olhe para a verdade, e não para a pessoa. O que ele/ela está dizendo é a verdade? Então aceite-a. O conselho e as instruções que ele deu a outros foram corretos, mesmo depois de um certo tempo haver ignorado aquilo que ensinara, vindo após isso a cair? A verdade é verdade, e pode ser aplicada mesmo quando dita por alguém que nem sequer se ouviu a si mesmo.
Olhe para a atitude. Ele admitiu haver cometido o erro? A meu ver, esta é a metade da batalha. Se por outro lado ele dá muitas e muitas voltas, se enrijece, num espírito defensivo, lançando a culpa em outras pessoas, cresce em mim a suspeita sobre seu real arrependimento e quebrantamento. Busque nele, isto sim, uma atitude humilde, que em termos práticos está como que afirmando: “Eu errei, caí; só existe um culpado, e o culpado sou eu. Assumo a minha responsabilidade”. Em outras palavras: nada mais, nada menos, do que a atitude de Davi no Salmo 51.
Olhe para as lições. O que você pode aprender com o fracasso do seu herói? Ele continua se defendendo e acusando outros? Transformou-se numa pessoa amarga e difícil de com ela se conviver? Negligenciou sua família ou sua saúde? Essas são, sem dúvida, algumas coisas que você deve observar e aprender com tal pessoa.
Observe a restauração. Cada situação ruim pode trazer coisas simplesmente maravilhosas. Deus tem uma habilidade muito especial para transformar crucificação em ressurreição. Portanto, esteja atento à maneira como essa pessoa será restaurada. Se a atitude dela for boa, então nada mais você poderá esperar do que uma sólida e abençoada restauração.
Olhe para a pessoa, e não para a celebridade. Em última análise, jamais devemos nos esquecer de que nosso herói é uma pessoa, e não apenas uma celebridade. Fama e dinheiro não o torna imune à dor e à humilhação pública que enfrentou. Lembre-se: se esse herói foi seu amigo pessoal, você irá reagir de forma diferente, caso ele fosse uma pessoa a distância. Creio sinceramente que devemos responder ao nosso herói como se ele fosse um amigo muito próximo.
por Nélio DaSilva