O argumento de Bee Movie – A História de uma Abelha surgiu em um jantar informal entre o comediante Jerry Seinfeld e Steven Spielberg, um dos sócios e fundadores do estúdio DreamWorks. Num daqueles momentos tão comuns, nos quais as pessoas ficam em silêncio graças à falta de assunto, o comediante simplesmente despejou a idéia de fazer uma animação sobre abelhas. Quatro anos depois, a idéia foi desenvolvida e temos esta divertidíssima animação como resultado.
“Bee Movie – A História de uma Abelha” imagina uma colméia toda automatizada. Faz sentido: as abelhas são conhecidas por serem insetos extremamente organizados, especialmente na produção de mel. Na verdade, todos os seus 21 dias de vida – caso nenhum acidente aconteça no caminho – são dedicados à produção de mel. Barry (dublado por Seinfeld no original) é uma jovem abelha que acaba de se formar e precisa entrar no “mercado de trabalho”, sendo uma das milhões de pequenas peças que faz funcionar a produção de mel. Ao contrário de seu melhor amigo, Adam (Matthew Broderick), o protagonista não se conforma com a obrigação de passar o resto de seus poucos dias exercendo um único trabalho.
[O próximo parágrafo contém alguns spoillers (mas não é nada que não foi divulgado pela mídia). Caso não queira saber muito do filme, pule para o seguinte.]
Ele quer conhecer o mundo, literalmente, e, ao lado dos que coletam néctar das flores, “viaja” para fora da colméia. Ele se perde do bando e conhece a humana Vanessa (Renée Zellweger), por quem desenvolve uma afeição nova, capaz de fazer com que Barry quebre a principal regra entre as abelhas: nunca conversar com humanos. Convivendo com humanos, Barry descobre não somente o doce sabor das migalhas de bolos, mas a comercialização do mel que ele e seus semelhantes têm tanto trabalho para produzir. Revoltado diante deste fato, ele resolve processar a humanidade.
O longa-metragem de animação digital é a primeira incursão de Seinfeld na área: criador, produtor e protagonista da sensacional série Seinfeld (que revolucionou as sitcoms estadunidenses durante os anos 90), também tem todas as suas mãos por trás desta sua nova empreitada, dublando, produzindo e roteirizando o filme.
“Bee Movie” é uma animação muito bem feita. A aparência de Barry até lembra a de Seinfeld, com seus grandes olhos azuis, o nariz fininho e os tênis nos pés – sempre presentes no figurino do comediante, como mais uma referência ao seriado que o tornou famoso mundialmente. As cenas nas quais Barry e seus companheiros insetos sobrevoam Nova York (evidentemente, já que Seinfeld também se passava nesta cidade) são sensacionais e a construção da colméia idealizada pelos produtores é toda interligada e unida, como o próprio trabalho e a complexa sociedade em si das abelhas.
O texto de “Bee Movie” é divertido, com diálogos rápidos e repletos de trocadilhos – que, infelizmente, acabam se perdendo na tradução para a língua portuguesa. As sacadas com o cotidiano dos insetos, como na seqüência em que Barry tenta atravessar o vidro insistentemente e, em seguida, é atraído pela luz, entre muita outras, são simplesmente impagáveis.
De lição podemos tirar que às vezes as coisas estão funcionando bem mas, por não estarem acontecendo do nosso jeito, achamos que está tudo errado e tentamos tomar providências, trocando os pés pelas mãos e gerando o caos. Deus nos conhece muito mais do que nós mesmos e Ele sabe o que é melhor para a nossa vida. Se deixarmos que Ele a conduza, certamente veremos as coisas se encaixando perfeitamente no final.