Amigos, interrompemos nossa programação para uma edição extraordinária. Mesmo recusando a insistentes pedidos, não vou escrever em Colunet uma série de 6 artigos sobre Segunda Corinthios. Achei que seria inoportuno. Quem sabe mais para frente. É verdade que ali encontramos que “Deus nos consola em toda a tribulação”, mas como nem todos estão desconsolados pelo que aconteceu domingo no Olímpico, não caberia aqui.
Já fiz, por dever de oficio, um semelhante escrito em tempos passados. Foi em 19 de novembro de 2002, quando de coração partido, precisei lavrar o artigo Segundona. Repito o tema, porque, como sempre defendo, a gente sempre pode aprender lições eternas mesmo a partir de assuntos fortuitos.
Fique com estas sete. Se não gostar, ignore. Se gostar, aproveite. Você, corintiano, receba meus sentimentos. Sei exatamente o que você sente.
- O Deus de Israel já tinha avisado aos edomitas, através do profeta Obadias: “Não devias ter olhado com prazer para o dia do teu irmão, o dia da sua calamidade; nem ter-te alegrado sobre os filhos de Judá nos dias da sua ruína; nem ter falado de boca cheia no dia da angústia” (Obadias 12). Os corintianos fizeram carnaval em pleno novembro quando o Palmeiras caiu. Ouvimos muito. Fomos humilhados. Faz parte. É fruto da rivalidade. Mas, nada como um dia depois do outro. Ah! Como é doce a vingança vinda na hora certa. Nada como sentar, esperar e ver o troco, sem precisar mexer uma folha para isso acontecer. Que todos, corintianos ou não, aprendam a não tripudiar, porque todo dia o sol se põe e nasce dali a algumas horas.
- O Deus de Israel já tinha avisado seu povo através de Moisés; “O vosso pecado vos há de achar” (Nm 32:23). Mais dia menos dia, quem faz acordo com mafiosos vai acabar pagando o preço. A imprensa noticiou amplamente a origem escusa do dinheiro investido do Corinthians nos últimos anos. Gente que se dizia torcedor apaixonado se locupletando, nadando de braçada em dinheiro que não lhes pertencia. Isto vai continuar, no futebol, no governo, nas empresas. Mas que fique a lição e que todos, corintianos ou não, aprendam que o crime não compensa.
- O Deus de Salomão já tinha nos avisado, através dos Provérbios coletados, que “quando não há sábia direção, o povo cai” (Pv 11:14). O caso do Corinthians em sua romaria à Segundona é um caso emblemático que deve ser estudado por toda organização que deseja escapar do fracasso. Eles, literalmente, caíram. Tudo o que não deve ser feito, está ali. Desde nepotismo, até acordos ilícitos, contrato feito com criminosos internacionais, gente amadora fazendo o serviço de profissionais e por aí vai. Que todos, corintianos ou não, aprendam que uma liderança sábia ainda é fundamental para o sucesso de qualquer projeto.
- Há um orgulho indisfarçável em muitos corintianos. Eles se acham mais brasileiros. Eles acham que são diferentes dos outros. Acham que são superiores. Que são mais fiéis. Eles dizem, de boca cheia, que o Corinthians é “a vida” deles. Isto é triste. Tanto é triste quando são campeões, como é triste quando são rebaixados. Há causas mais nobres para se dar a vida do que um time de futebol. Futebol é apenas um jogo. A vida, não. Campeonatos e divisões vêm e vão. Acaba um, começa outro. A vida é uma só. Que todos, corintianos ou não, aprendam no que vale a pena a gente investir a nossa vida.
- O fundo do poço nem sempre é onde achamos. A Série C, para onde já foram campeões como o Bahia, o Fluminense e o Guarani, é um caminho que não pode ser ignorado pelos corintianos. Se não houver uma ampla reformulação na mentalidade, no comando, no planejamento e nas ações, o Corinthians corre o risco (salvo viradas de mesa motivadas por interesses financeiros da mídia televisiva) de permanecer por mais do que um ano na Série B. Que todos, corintianos ou não, aprendam que desgraça mesmo é passar pelo sofrimento sem tirar nenhuma lição que os transforme.
- É incrível a atitude dos poucos diretores ou jogadores corintianos que se manifestaram através da imprensa nas últimas horas. Todos eles, sem exceção, arrumaram um bode expiatório. Falaram em “herança maldita” da diretoria anterior (hummm… já ouvi isso antes, presidente corintiano Lula da Silva…); acusaram os jogadores do Internacional de terem feito corpo mole; culparam o juiz e o bandeirinha que mandou voltar os pênaltis cobrados no jogo do Goiás. Não ouvi quem tivesse dito: “Nós caímos porque fomos incompetentes. Não tinha outro lugar para onde esse time de pernas-de-pau pudesse ter ido ao final deste campeonato”. Que todos, corintianos ou não, aprendam que transferir a culpa nunca ajudou a resolver o problema de ninguém, desde Adão e Eva.
- Alguns mentirosos foram revelados neste campeonato. Especialmente os que diziam que Nelsinho Baptista é técnico de futebol, que Paulo Bayer é craque, que o Bragantino ainda serve para montar a base de times vencedores. Não é só no futebol. Até na igreja tem gente que se sustenta baseado no nome, porque muita gente os elege como “queridinhos”. Não valem nada, não realizam nada, não chegam a lugar nenhum. Mas seu espaço está garantido pela mediocridade de interesses mesquinhos. Que todos, corintianos ou não, aprendam a dar honra a quem merece e não a quem parece.
De verdade, que se exploda o Corinthians. Não estou nem aí com ele. Se vai cair ou se vai subir, pouco se me dá. Agora, o que me preocupa mesmo é perceber que muitas igrejas, missões e vidas cristãs vão pelo mesmo caminho. Estão sendo devastadas pela mentalidade tacanha, mesquinha, amadora, de gente que não consegue sucesso em lugar nenhum da vida e vem descontar sua frustração na igreja, fazendo sofrer muita gente que depende de alguma maneira de suas decisões.
Faço deste espaço e neste espaço aquilo que posso: colocar a boca no trombone, esperando que alguém ouça esse apelo angustiado antes que seja tarde demais.
Pensando bem:
Tem igreja que já caiu para a Terceira Divisão e nem se deu conta disso ainda…