ATENÇÃO: o filme é lotado de palavrões e diálogos nada edificantes.
Confesso que fico com os dois pés atrás com relação a filmes brasileiros. Quando me falaram sobre um tal de filme do BOPE, achei que era um filme antigo (que nada! Eram as primeiras cópias piratas. Sem demagogia: eu não compro pirata. Não dá. O áudio e vídeo não são bons e quando é gravado do cinema, fica aquele monte de gente sassaricando. E a tela do cinema é a tela do cinema, oras!). Na faculdade, naquela mesma semana, me chamaram pra ver o filme. Peguei já do meio pro fim. Se não fosse por isso, talvez não ficasse motivada a assistir no cinema. Gente, o que é Tropa de Elite? O que é a atuação do Wagner Moura?
Tropa de Elite é ambientando nos morros cariocas, em 1997. Segundo a narração do Capitão Nascimento (Wagner Moura), do BOPE, “Aqui nesta cidade, o policial tem que escolher: ou se omite, ou se corrompe, ou vai para guerra.” Durante um baile funk em uma favela, policiais corruptos sobem o morro com más intenções. É iniciado um tiroteio e o BOPE é chamado para resolver a situação.
A partir daí, entra em cena o capitão Nascimento e sua tropa “Se é para fazer direito, deixa com o BOPE”. Nascimento é um policial honesto, que repudia acordo com bandidos e vagabundos. Depois de dez anos no batalhão, Nascimento quer se afastar da linha de frente. Sua mulher está grávida e seus nervos estão em frangalhos, por causa do estresse. Apesar disso, continua em missão.
Durante essa incursão no morro, os policiais militares Neto (Caio Junqueira) e Matias (André Ramiro) ficam fascinados com a tática e a eficiência do grupo. Eles decidem entrar para o BOPE e se candidatam ao curso de formação, junto com seu superior corrupto: Fábio (Milhem Cortaz). Tapa vai, soco vem, Neto destaca-se pela bravura e Matias pela inteligência. Matias é negro e enfrentou dificuldades na infância. Por isso, dá valor ao que tem atualmente. Ele cursa faculdade de direito e acaba se envolvendo com “estudantes engajados”, que mantém uma ONG em um morro enquanto usam e traficam drogas.
Nascimento não é um bicho papão sem sentimentos. Ele até chora. Como está próximo de ser pai, precisa encontrar um substituto à altura o mais breve possível. Essa é uma tarefa árdua para ele e para os que almejam um lugar no grupo dos “caveiras”.
O diferencial do filme é mostrar a violência e a problemática dos morros cariocas pela ótica dos policiais.
Tropa de Elite é bom demais! A melhor parte é a mais óbvia: filhinhos de papai, “estudantes” que financiam o tráfico. (Coisa que todo mundo já sabe, mas é muito bem passada no filme). As falas do capitão Nascimento grudam na cabeça e o público sai repetindo da sala do cinema. “Tropa de Elite” é ao mesmo tempo violento e cômico. Wagner Moura dá um show de atuação (a postura corporal, as expressões, a entonação da voz, os olhares…) por falar em olhares, Caio Junqueira (o Neto) também dá um banho de atuação. Começa como um “aspira” com cara de otário e transforma-se num “quase caveira”. Preciso comentar de novo: Wagner tá muito bem! Merece um prêmio, pela atuação. Milhem Cortaz e Fábio Junqueira também estavam ótimos!
Tropa de Elite: eu recomendo!
Curiosidades:
– O filme Tropa de Elite, de José Padilha, foi alvo de pirataria e muito antes da estréia já estava sendo vendido em cópias ilegais por camelôs, no Rio de Janeiro e por todo o país. A versão pirata, que está sendo oferecida a média de R$ 10 no comércio informal, corresponde, segundo o diretor, ao terceiro corte [versão editada] do filme e, de acordo com Padilha, há registros de todos os que puseram a mão nessa cópia.
– O cineasta diz que, no ponto em que estão, as investigações demonstram que o elo entre o cara que roubou e o mercado de pirataria é um PM, o que comprova a tese do filme. Durante as filmagens, em 2006, no Rio, a equipe foi alvo de um roubo. Os ladrões abordaram uma van que transportava um carregamento de armas cenográficas e levaram o armamento.
Algumas frases do capitão Nascimento:
“Aqui nesta cidade, o policial tem que escolher: ou se omite, ou se corrompe, ou vai para guerra.”
“Pra mim estratégia só tem lógica quando a operação tem sentido”
“Bota na conta do papa”
“Nunca serão.”
“O senhor é um fanfarrão.”
“Tira essa roupa preta que tu num é caveira! Tu é moleque!”
” Tira a calça dele. Pega a vassoura!”
“Você é estudante? Sabe voar?”
“Traz o saco!”
“07, me dá a 12!”
Só para quem já viu o filme:
– Ele já perdeu o sotaque da Bahia, mas na hora do “nojinho”, escapou.
– Matias era meio imbecil. Só pode… Enfim: gente, pode fazer aquele treinamento sinistro de óculos?!
– Estudantes, é? Sei…
– Foi uma vibração geral no cinema durante a cena da passeata. Uhu!