Documento publicado ontem pela Congregação para a Educação Católica exorta bispos e reitores de seminários a utilizar até o serviço de psicólogos para identificar possíveis ‘desvios sexuais’ dos candidatos ao sacerdócio.
O Vaticano está apertando cada vez mais o cerco aos homossexuais. Nesta quinta-feira, a Congregação para a Educação Católica, órgão diretamente ligado à Santa Sé, divulgou o documento intitulado Orientações para a utilização das competências psicológicas na admissão e na formação dos candidatos ao sacerdócio. O texto é claro quando trata da questão: aqueles aspirantes ao sacerdócio que manifestam “tendências homossexuais fortemente enraizadas” ou uma identidade sexual “incerta” não podem entrar no seminário e se tornar padres. A Igreja prevê a participação de católicos no processo, a fim de avaliar eventuais patologias e “feridas” psíquicas dos candidatos à batina. Além disso, o seminário deve ser negado também aos que encontram dificuldade “em viver a castidade do sacerdócio”.
O documento, aprovado pelo papa Bento XVI, sugere aos reitores dos seminários e aos bispos rigor na avaliação de cada caso. “A formação deverá ser interrompida caso o candidato, apesar de seu empenho, o apoio do psicólogo ou da psicoterapia, continue manifestando incapacidade de enfrentar realisticamente as próprias graves imaturidades”, aí entendidas, segundo o texto, as “fortes dependências afetivas, notável falta de liberdade nas relações, excessiva rigidez de caráter, falta de lealdade, identidade sexual incerta, tendências homossexuais fortemente radicadas”, por exemplo. O mesmo deve valer também no caso em que resultar evidente a “dificuldade de viver a castidade no celibato, vivido como uma obrigação tão pesada capaz de comprometer o equilíbrio afetivo e de relações”. O livreto é enfático ao determinar a abstinência completa do exercício sexual.
O documento apresentado ontem retoma e reforça as indicações já contidas em uma nota anterior de 2005, redigida pela Santa Sé após a profunda crise dos padres pedófilos nos Estados Unidos e os inúmeros casos de homossexualidade entre membros do clero.