Uma equipe de pesquisadores israelenses iniciou nesta semana uma tarefa importante para a história e para a religião: a digitalização completa dos Manuscritos do Mar Morto. O objetivo é colocar os textos à disposição do público na internet nos próximos dois anos.
Para a tarefa, eles estão equipados com câmeras com alta resolução e equipamentos de luz que não emitem calor ou raios ultravioleta – o que poderia danificar os papéis. Dessa forma, eles conseguem revelar trechos dos manuscritos antes ilegíveis, o que pode propiciar novas análises e descobertas.
Antigas seitas – O Manuscrito foi encontrado no final da década de 1940 em cavernas próximas ao Mar Morto ao leste de Jerusalém. Ele contém a mais antiga cópia conhecida da Bíblia Hebraica, com exceção do Livro de Ester, além de textos apócrifos e descrições dos rituais de uma seita judaica do tempo de Cristo.O documento histórico foi escrito fundamentalmente em papiro, mas há trechos também em pergaminho. Ele foi produzido em um longo período de quatrocentos anos, que vai do século III A.C. ao I D.C.
Era Cristã – Os Manuscritos, na verdade, são compostos por cerca de 15.000 fragmentos, que formam aproximadamente 900 documentos. Ainda há um grande debate entre especialistas sobre a correta ordenação dos textos e o seu significado.A polêmica se justifica: eles estão entre as mais importantes fontes de informação sobre os judeus nos primeiros anos da Era Cristã. Por isso, logo após sua descoberta, os textos circularam apenas nas mãos de um grupo de especialistas. Finalmente, em 2001, veio sua publicação na íntegra. Atualmente, eles estão sob cuidados da Autoridade de Antigüidades de Israel.
Nasa – O processo de fotografia e digitalização é liderado por Greg Bearman, um ex-funcionário do Laboratório de Propulsão de Foguetes da Nasa, a agência espacial americana. É apenas a segunda vez que os textos são fotografados. Antes, isso ocorreu apenas nos anos 50.
“O projeto começa com um objetivo de conservação”, explicou um dos especialistas que atuam na digitalização, Pnina Shor, chefe do Departamento de Conservação da Autoridade de Antigüidades, segundo reportagem do jornal New York Times. “Queríamos monitorar a deterioração dos manuscritos e percebemos que precisaríamos realizar fotografias precisas do processo. Então, decidimos fazer várias fotos, em cores e infravermelho. Aí, percebemos que poderíamos tornas as imagens disponíveis na internet”.