Amigos, estamos em plena era da mídia eletrônica. É a chamada sociedade da informação. E como elas correm! Notícias em tempo real, 24 horas por dias. Intenet, TV a cabo, links ao vivo, são coisas que já fazem parte do cotidiano. O que aconteceu há 4 horas já faz parte do passado. A velocidade com que a gente fica sabendo dos fatos, ou pelo menos das versões dos fatos, é assustadora. Ainda há pouco li num portal eletrônico que “o Papa já está no espaço aéreo brasileiro”. Ele não chegou, mas todo mundo já sabe onde ele está. Dentro do AeroPapa estão jornalistas do mundo inteiro, registrando suas declarações e transmitindo ao vivo para suas redações em terra. Tudo se espalha num clique. O que antes demorava a chegar ao nosso conhecimento, agora chega antes que a gente tenha tempo de pensar.
Não são apenas notícias e informações relevantes que correm na rede. Há algum tempo, o supra-sumo da imbecilidade humana criou, não sei se na Europa ou nos Estados Unidos os chamados reality shows, programas nos quais uma meia-dúzia de desocupados expõem sua intimidade, em tudo o que tem de pior, para serem assistidos por uma massa ignara não menos desocupada e que ainda se submete a gastar dinheiro em ligações telefônicas para “participar” do circo de horrores. A simiesca mídia nacional logo tratou de copiar o espantalho. E cá, tal como lá, fez o maior sucesso.
Estes programas brindam com a fama imediata pessoas que, de outra maneira, jamais alcançariam qualquer tipo de projeção. Da noite para o dia, estão na boca do povo. São pagos para aparecer em festas e eventos. Ganham em uma noite o que um professor ou médico da rede pública demoraria 20 anos para ganhar. Viram celebridades. Vão para as capas das revistas, dão entrevistas, aparecem no Jô Soares, no Faustão (programas cujo valor de conteúdo é inversamente proporcional ao tamanho dos seus apresentadores), na Hebe. Ficam realmente famosos. Sem ter produzido absolutamente nada para a sociedade, de repente passam a ser tratados como seres de primeira grandeza.
Tenho desenvolvido um interesse especial pelas expedições dos séculos passados. Uma das coisas que mais me impressiona é a recepção que esses camaradas tinham quando voltavam de suas longas aventuras. Eram aclamados, recebidos como heróis. Mesmo quando não tinham obtido êxito em suas empreitadas, a coragem e bravura que demonstravam angariavam a admiração do povo. Os neo-heróis eletrônicos, conquanto se reconheça que é preciso muita coragem para alguém se submeter ao ridículo de uma exposição pessoal desse nível, não precisam realizar nenhum feito notável. Basta que aceitem as regras do jogo.
O intrigante é que chamam a isso tudo de “sucesso”. Não é. Fama e sucesso não são a mesma coisa. A fama é algo que exalta o ego, exacerba o individualismo e aufere lucros apenas para o famoso. Os frutos da fama são efêmeros. Ninguém, exceto os mais aficionados, se lembra do nome do artilheiro da última Copa do Mundo ou das últimas três ganhadoras do Miss Universo. Em pouco tempo, ninguém saberá quem ganhou o último BBB. Tudo isso se esquece facilmente. Você jamais colocaria qualquer um desses nomes numa lista das pessoas mais importantes na sua vida, ou mesmo da vida nacional.
Sucesso é diferente. Primeiro, que o sucesso é algo que se divide com as pessoas. Na verdade, você primeiro serve às pessoas, depois vem o sucesso. Os frutos do sucesso são eternos. Em geral, com raras exceções, as pessoas que fazem sucesso mesmo são quase anônimas. Não têm espaço na mídia. Não dão entrevistas. Não aparecem na televisão. Experimente fazer a lista das 10 pessoas que mais influenciaram sua vida nos últimos 10 anos. Devem aparecer professores, líderes, amigos, pais, mães. Duvido que apareça ali algum BBB ou ator global.
Na verdade, o melhor perfil que conheço de um homem de sucesso é este: ele não se guia pela cabeça dos outros; não se sente seduzido pelo estilo de vida daqueles que não prestam; não se torna íntimo de pessoas cuja ética é negociável. Observe que este não é um perfil criado por mim. Ah, sim, você já viu isso em algum lugar, com palavras ligeiramente diferentes. Está no Salmo 1, versículo 1. Desse homem, a Bíblia diz que tudo o que ele faz é sucesso absoluto. Pessoas como ele deixam marcas profundas por onde passam. Você pode parar para ouvir o que elas têm a dizer. Pode seguir seus passos. Elas se tornam referência para sua vida.
Os famosos não servem para nada. Apenas alimentam os devaneios oníricos dos que têm como único objetivo na vida um dia serem famosos também.
Prefiro continuar sendo um ilustre desconhecido do que um imbecil famoso.
Pensando bem:
“Não confunda fama com sucesso. Madonna é a primeira coisa. Helen Keller é a outra.” Erna Bombeck Nota do autor: Helen Keller (1880-1968), cega, surda e muda desde bebê, aprendeu a ler e escrever pelo método Braille, chegando mesmo a falar, por imitação das vibrações da garganta de sua tutora, as quais captava com as pontas dos dedos. Ela foi uma educadora, escritora e advogada de cegos. Tinha muita ambição e grande poder de realização. Ao lado de Sullivan (sua tutora), percorreu vários países do mundo promovendo campanhas para melhorar a situação dos deficientes visuais e auditivos. É considerada uma das grandes heroínas do mundo. A Srta. Helen alterou nossa percepção do deficiente. (Extraído de www.cerebromente.org.br/n16/curiosidades/helen.htm ).