A experiência vivida por Moisés no capítulo três do Êxodo, no monte de Deus, quando, por ação sobrenatural, o Anjo do Senhor manifestou-se na sarça ardente, revela o caráter santo de Deus e sua exigência por reverência a todos os que entram em Sua presença manifesta.
Não creio que a vida cristã possa ser dividida entre momentos santos e momentos seculares. Há muito tempo já aprendemos que a vida não pode ser compartimentada. Parece óbvio, mas a prática cristã do nosso tempo acaba nos traindo e nos coloca em maus lençóis.
Não estamos dividindo a vida como se fosse uma grande cômoda, cheia de gavetas e a vida cristã não passa de uma gaveta que abrimos aos domingos? Às vezes, só domingo à noite…
Para corrigir o erro temos que perguntar: Se a oferta entregue durante o culto é para Deus, o dinheiro usado para pagar o aluguel é para quem? Se os momentos que passamos cantando hinos com a igreja são para Deus, a canção que ouvimos no rádio do carro é para quem? Se a ceia é do Senhor e é celebrada na presença do Senhor, a rodada de pizza com os amigos é na presença de quem? Se oramos “continuando em sua presença, Senhor”, antes da oração estávamos na presença de quem?
Temos que viver coerentemente com a nossa afirmação de fé, pois já sabemos que a vida não pode ser dividida em momentos santos e momentos seculares. Para o cristão, toda a vida deve ser vivida em reverência e santo temor, pois não há distinção entre momentos.
Eu devo caminhar pela vida sabendo que Deus está presente comigo, e todo solo que pisar é solo santo. Por isso, procuro santificar meus dias, meus momentos, pois sei que o que os torna sagrados é a presença de Deus comigo.
Certa vez, os jovens da igreja organizaram uma feijoada na igreja para custear a vinda de um grupo musical. A feijoada seria justamente no dia de um jogo da Copa do Mundo. Como ficaríamos a tarde lavando e areando panelas e limpando o salão social que ficava nos fundos do templo, decidimos assistir o jogo lá mesmo. Uma semana antes, um irmão ligou indignado porque nós “iríamos assistir a um jogo da Copa do Mundo na igreja”. Tentei explicar que não seria no templo, que estaríamos apenas nós, mas ele permaneceu irredutível em sua condenação. Perguntei se ele assistiria ao jogo em sua casa. Ele disse que sim. Então, perguntei se a casa dele era menos santa que a igreja.
A nossa casa não pode ser menos santa que a igreja, a nossa segunda-feira não pode ser menos santa que o culto de domingo. A rodada de pizza com os amigos não pode ser menos santa que a ceia. O dinheiro usado para pagar as contas deve ser ganho com a mesma reverência com que o entregamos no momento de ofertas. A minha boca deve ser tão limpa, edificante e santa nas minhas relações com a família, amigos e colegas de trabalho, quanto é quando canto louvores a Deus no culto.
Tudo isso, porque Deus está comigo vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana. Todo solo que piso é solo santo, pois Deus está lá.
A diferença na experiência de Moisés é que lá estava a presença manifesta de Deus. Claro que isso exige uma postura de adoração completa. Mas a reverência e o temor a Deus devem nos acompanhar sempre, em todos os lugares, em qualquer atividade, porque Ele está presente em nós e entre nós.
Portanto, é muito bom andarmos já descalços, com toda a reverência e santo temor, pois todo solo pisado por um cristão é solo santo, não por causa dos pés do cristão, mas porque a chama do Espírito nunca cessa de arder. Você pode até abafá-la, desprezá-la, esquecê-la, mas ela estará sempre lá.
por Clóvis Jr.