O Vendedor de Passados

Livremente inspirado no livro “O Vendedor de Passados” do escritor angolano José Eduardo Agualusa, esse filme de Lula Buarque de Hollanda (da série Mandrake) mostra que acreditamos em tudo que as pessoas nos contam, independente de ser verdade ou mentira.

Vicente (Lázaro Ramos), tem um trabalho inusitado como vendedor de passados, recriando a história de seus clientes por meio de vídeos e fotos antigas. Certo dia Vicente recebe a visita de uma bela e misteriosa mulher (Alinne Moraes), que aparece para contratar seus serviços e mudar de vida. Ela dá liberdade total para ele inventar seu passado, lhe passado quase nenhuma informação. Sua única exigência é que ela tenha cometido um crime. Vicente aceita o desafio e, sem perceber, se apaixona pela personagem que ele mesmo inventou.

Muitas pessoas gostariam de alterar seu passado, até para se livrarem deles. Para isso, recorrem ao Vicente, que cria documentos, alguns fotográficos, vídeos e outros indícios necessários para reescrever a história. Vicente desempenha a profissão, por buscar conhecer o seu verdadeiro passado. Por ter sido adotado ainda criança, inventa alguns passados capazes de seduzir as mulheres que vão à sua casa. O filme acaba expondo como as pessoas são infelizes no mundo em que vivemos.

O filme transita em seus curtos 80 minutos no drama, no suspense, flerta com a comédia e aparenta ser um romance. Clara (Alinne Moraes, muito bem no papel), assume o passado criado por Vicente e escreve um livro abordando um tenebroso passado em meio à ditadura militar. Com orçamento de R$ 5,5 milhões, as filmagens foram realizadas nos estúdios do Polo Cinematográfico de Paulínia, São Paulo, e também no Rio de Janeiro. Tem seus defeitos, mas é uma obra ousada e agradável.