O pregador da Casa Pontifícia, Raniero Cantalamessa, fez, na sexta-feira (21), um apelo no qual chamou todos os cristãos à unidade e assegurou que “não existe distinção entre católicos, ortodoxos e protestantes, mas entre os que acham que Cristo é o filho de Deus e os que não o acham”.
A declaração chama atenção e sinaliza uma espécie de “mea culpa” porque em julho do ano passado o próprio Vaticano chegou a dizer que apenas a Igreja Católica é a Igreja de Cristo.
Raniero Cantalamessa fez as declarações durante a homilia da Paixão de Cristo pronunciada na Basílica de São Pedro e presidida pelo papa Bento XVI.
O pregador do papa, tradicionalmente encarregado da homilia da Paixão durante a Sexta-Feira Santa, acrescentou que a unidade dos cristãos é “uma meta a alcançar” e um “dom a acolher”.
E lamentou os obstáculos criados pelas diferentes denominações cristãs na obtenção da unificação.
Segundo o Cantalamessa, “o que está em jogo no início do terceiro milênio já não é o mesmo que na virada do segundo milênio, quando aconteceu a separação entre oriente e ocidente, nem é o mesmo que o da metade do milênio passado, quando aconteceu a separação entre católicos e protestantes”.
E acrescentou: “o mundo seguiu adiante e nós permanecemos presos a problemas e fórmulas que o mundo nem sequer lembra o motivo”.
Reconhecimento das diferenças
No entanto, ele explicou que o caminho em direção ao ecumenismo não pode “queimar períodos”, em relação às diferenças na doutrina entre os cristãos, “porque as diferenças existem e é preciso resolvê-las com paciência nas sedes apropriadas”.
“Mas podemos por outro lado queimar etapas na caridade, e estar unidos desde já”, acrescentou Cantalamessa.
Para o pregador do Vaticano, “o que poderá reunir os cristãos divididos será só a difusão de uma nova onda de amor por Cristo”.
Perseguição aos cristãos
No sábado (22), o papa Bento XVI – que durante a semana recebeu uma ameaça de morte da rede terrorista Al Qaeda, de Osama Bin Laden – lembrou as perseguições sofridas pelos cristãos em várias partes do mundo.
Bento XVI, no início da tradicional Via-Sacra, declarou que ” coliseus se multiplicaram através dos séculos, em várias partes do mundo (referindo-se ao Coliseu como lugar histórico de martírio dos cristãos), nos lugares onde os nossos irmãos em diferentes partes do mundo, continuando a vossa Paixão, ainda hoje são duramente perseguidos”.
“E é este também um destino que diz respeito também à Igreja, a Esposa de Cristo que em muitas partes do mundo, está atravessando a hora tenebrosa da perseguição”, complementou.
Apesar de a Portas Abertas ser uma missão evangélica, é freqüente em nosso site a publicação de notícias que envolvam católicos – romanos, ortodoxos ou coptas. Somos uma missão de confissão apostólica e arraigada na tradição da reforma de Martinho Lutero do século XVI.
Ao mesmo tempo em que não é ecumênica, a Portas Abertas não se arroga a capacidade de distinguir quem é e quem não é cristão ( leia mais).
Nós cremos que essa é uma capacidade que Jesus guardou pra si mesmo, conforme a parábola do joio e do trigo (Mt 13.24-30, ênfase no versículo 30).