Galardão ou fogueira?

Diz á fábula que certo homem se destacou como um dos maiores missionários da história, deu varias voltas pelo mundo pregando, alternando entre sermões triviais e quase sempre emotivos. Era citado nas revistas e jornais como o destaque entre os conferencistas e pregadores. Certo dia este homem morreu, e quando chegou no tribunal de Cristo, tinha apenas uma certeza: a que Deus teria que lhe conceder um ajudante para o transporte de sua gigantesca coroa. Porém, foi lhe dado uma coroa minúscula e insignificante, ao que o homem, indignado retrucou:

– Senhor, deve ter havido algum equívoco. Eu sou o fulano de tal, aquele que deu várias voltas no mundo pregando o evangelho, perdi a conta das pessoas que se converteram em minhas pregações. O Senhor deve estar me confundindo com alguém, talvez com o zelador da minha igreja, aliás ele tem o mesmo nome que eu.

– Bom, meu filho – explica o Senhor –, aqui diz que a única coisa que você fez em toda a sua vida sem interesse próprio, foi desatar o pé de um cavalo que estava preso a um fio de arame da cerca.

Costumamos ajuntar motivos de gratidão durante um mês ou dois, e então oferecemos uma reunião de gratidão junto com a igreja. Pronto! Voltamos para casa aliviados, nossa dívida foi paga, Deus com certeza está feliz pelo meu gesto. O salmista Davi convidou todos os moradores da Terra para uma reunião de gratidão a Deus, mas explicou o que Deus entende por gratidão, aquilo que mexe com Deus e lhe deixa satisfeito: Servi ao Senhor com alegria. Vamos decompor o sentido desta ordem?

SE FOR SERVIR, SIRVA AO SENHOR – Tenho vergonha de pensar em quantas vezes arrumei minha mesa no escritório para servir a Deus, e acabei servindo ao Roni. Quantas vezes pedi a dependência de Deus para preparar uma mensagem que pudesse falar ao coração, e que depois de algum tempo debruçado sobre dicionários da língua grega, Bíblias de pesquisas, concordância, entre outros, comecei a simular na minha mente os elogios que aquela mensagem poderiam me trazer. Gastei anos de pesquisas, passei meses escrevendo, semanas trancado dentro de um quarto, até deixar pronto um livro que “encheria a minha caixa de e-mails de elogios”. Como é fácil pensar que estamos servindo a Deus, enquanto tudo o que buscamos e fazemos é para nossos próprios interesses!

Quando você canta um hino na igreja, você pensa o tempo todo no que está cantando, ou o mais importante é o rítimo do play-back, ou o som do retorno? O que você realmente espera ouvir das pessoas depois de cantar? Como você se sente quando elas não dizem nada? Se as suas resposta são mais ou menos NÃO – ELOGIEM – FRUSTRADO, é hora de pensar a quem realmente servimos.

SE VOCÊ SERVE AO SENHOR, FAÇA-O COM ALEGRIA – Uma das maiores armas dos técnicos de futebol antes de disputarem as grandes decisões são as palestras de motivação que antecedem os jogos. Estas palestras se baseiam em declarações da imprensa ou no time adversário. A Bíblia contém milhares de declarações que devem nos motivar ao trabalho – Deus amou ao mundo! Agora somos filhos de Deus… – e isso basta. Pense nelas, meu irmão!

Nós somos amados, e ainda chamados de filhos por um Deus soberano, santo, justo e onipotente, e quantas vezes temos a “cara-de-pau” de dizer para Deus: “Senhor, se tu me deres prosperidade financeira, eu lhe servirei melhor!”. É como o jogador que só se empenha se o bicho for alto. Cada dia, quando sentamos na cama e colocamos nossos pés no chão, temos que nos lembrar: Eu era perdido, condenado, escravo. Deus não me devia favor algum, mas ele escolheu me amar. Hoje sou filho, salvo e redimido e tenho o amor de Deus comigo. É esta a mensagem que Deus queria passar para Paulo quando lhe disse: A minha graça te basta.

Quantos serviços prestamos que tem tudo, menos alegria? Se vou à igreja assiduamente é porque, se falhar, os presbíteros virão à minha casa; se vou à escola dominical é apenas porque sou o professor; se assumo alguma responsabilidade é porque, se não o fizer, vai pegar mal pra mim, sou o missionário da igreja. Quando fazemos o trabalho de Deus com alegria, nosso desempenho é melhor, não nos deixamos frustrar por qualquer coisa, e desaparece a reclamação preferida dos crentes mórbidos: Esta igreja está muito desanimada.

O salmista faz um pequeno lembrete: SABEI QUE O SENHOR É DEUS. Sabem o que isso quer dizer? É que estamos servindo a um Deus que é onisciente, ele sabe tudo, sabe o que me leva às reuniões, sabe o porquê das minhas reclamações, ele sabe o que se passa no meu coração enquanto preparo o sermão de domingo à noite, ou enquanto ensaio o solo, ele sabe o que estou pensando enquanto executo o meu instrumento na hora do louvor. Irmãos, ele sabe tudo, ele é Deus. Poderemos passar a vida toda enganando aos outros, como o missionário da fábula, mas diante de Deus, ao invés de um grande galardão, acenderá uma grande fogueira que iluminará o céu e mostrará o nosso rosto envergonhado quando Deus queimar a palha, o feno e a madeira das nossas obras.