“Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saía o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidão da cidade ia com ela. Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores! Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: levanta-te! Sentou-se o que estivera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu a sua mãe.” [1]
Somos em três irmãos. Eu, o mais velho, e mais duas irmãs mais novas. Temos uma diferença de mais ou menos dois anos entre um e outro. Durante nossa infância minha mãe repetia um episódio triste que havia acontecido com nossa irmã do meio. Débora ainda era um bebê. Minha mãe instalava todas as noites um vaporizador no quarto dela. Era um aparelho que utilizava água quente e mantinha a humidade do quarto alta – uma tentativa de manter a boa respiração do bebê. Em uma noite, porém, um terrível acidente aconteceu: após colocar Débora no seu berço, mamãe esbarrou no vaporizador, derramando sobre o braço dela água quente, provocando uma terrível queimadura. Débora se recuperou totalmente da queimadura, não teve qualquer limitação de movimento, apesar da água ter atingido seu cotovelo direito. As marcas daquele acidente, porém, permanecem até hoje em seu braço, e no coração dos meus pais.
A chegada de um bebê é um motivo de grande alegria para toda a família. Existe um capricho todo especial dos pais em preparar o quarto do bebê. Enchem-no de bibelôs, bichos de pelúcia, cortinas, frufrus nas cortinas, móbiles e muitos outros objetos decoram os quartos dos pequenos. Às turras com fraldas, assaduras e mamadas, os pais eventualmente são relapsos quanto à prevenção de acidentes na infância.
Os recém-nascidos estão especialmente sujeitos à sufocação com travesseiros e cobertores, queimaduras durante o banho, traumas com cotonetes e alfinetes e engasgos. Recomenda-se que o bebê não durma na cama com os pais, mas no seu berço, tendo a cabeceira elevada em 30 graus e de lado. Esta simples recomendação previne sufocação por travesseiro ou cobertor, além de ser uma medida anti-refluxo (bastante comum até o primeiro ano de vida). Testar a água do banho com o dorso da mão ou o cotovelo é suficiente para prevenir uma queimadura durante o banho.
No segundo e terceiro meses de vida, a criança adquire a habilidade de rolar na cama. Já firma o pescoço, sorri espontaneamente. Nesta faixa etária, os acidentes mais comuns são as quedas. Mantenha uma mão segurando o bebê durante a troca de fraldas. Nunca deixe um bebê sozinho em mesas, camas ou outros móveis, mesmo que seja por pouco tempo. Se for necessário deixar o bebê por alguns instantes para atender ao telefone ou à campainha, coloque-o no berço ou mesmo no chão sobre o tapete. Quedas e engasgamento são os principais responsáveis pelos acidentes e mortes relacionados com brinquedos. Um dos principais culpados de engasgamento são as bexigas/balões de látex; Crianças de até 3 anos são mais propensas a sofrer engasgamento do que as maiores, porque elas têm tendência a colocar pequenas coisas na boca. No entanto, crianças mais velhas também correm riscos de se engasgar com bexigas e sacos plásticos; os brinquedos devem ser grandes o suficiente para não serem engolidos, fortes para não serem quebrados e nem terem peças facilmente destacáveis. Pontas, arestas ou tintas solúveis na boca devem ser evitados. Estas recomendações se seguem até o oitavo mês.
No oitavo mês a criança já adquiriu muitas habilidades. Já é capaz de sentar-se sem apoio, arrastar-se ou engatinhar e reagir diferente com pessoas desconhecidas. Nesta fase, é muito importante manter fora do alcance objetos pontiagudos ou cortantes (facas, tesouras) e tóxicos (inseticidas, água sanitária, medicamentos); Cuidado com animais domésticos; Cuidado com afogamentos (piscinas, banheiros, baldes com água); Cuidado com quedas (cadeiras, escadas). A melhor maneira de evitar estes acidentes é não permitir o acesso das crianças ao que pode causar-lhes acidentes. NUNCA CONFIE SÓ NA SUA VIGILÂNCIA. Guarde todos os objetos que podem causar acidentes, não permita o acesso da criança à área da piscina instalando portões e cercas, fazendo o mesmo para escadarias. Guarde os medicamentos fora do alcance das crianças. Lacres de segurança ou embalagens não oferecem segurança contra acidentes. Cubra as tomadas da casa com tampa plástica adequada, não ligue vários aparelhos em uma única tomada, pois torna-se fácil que a criança puxe o fio e sofra eletrocução. A instalação de telas de proteção nos apartamentos é recomendável, porém melhor do que isto é não permitir o acesso da criança às sacadas ou janelas (não deixe nada onde a criança possa subir e alcançar as janelas).
Estes cuidados gerais são progressivos e precisam ser bastante frisados na consulta de puericultura. Existe um site que se dedica exclusivamente a orientar os pais e educadores em como prevenir acidentes na infância. Sugiro a todos que dêem uma passada por lá e confiram. O endereço é www.criancasegura.org.br.
Na próxima semana, falaremos de desenvolvimento neuropsicomotor do bebê.
Até lá.
Notas:
Lucas 7:12-15