Superman – O Retorno

É muito triste quando ficamos numa expectativa enorme em relação à estréia de um filme e ele não corresponde ao que esperamos. E Superman – O Retorno deve ser o filme que mais esperei em toda a minha vida. Superman fez parte da minha infância, quando seus 4 primeiros filmes eram exibidos quase que mensalmente na Sessão da Tarde. Inclusive fiz questão de reassistir aos dois primeiros já que Bryan Singer, diretor de “Superman – O Retorno”, anunciou que seu filme seria continuação do segundo estrelado

por Christopher Reeve.

Felizmente toda a expectativa que criei em relação a este foi totalmente superada. É um filmão, com direito a tudo que o super-herói merecia para sua volta às telonas. Por uma questão de lógica, os atores precisaram ser substituídos e os escolhidos deram muito bem conta do recado. Brandon Routh é o super-homem e ponto. Kevin Spacey, assim como Gene Hackmannos primeiros, detona como o vilão Lex Luthor e Kate Bosworth faz uma Lois Lane do jeito que deveria ser: uma segura e competente repórter do jornal O Planeta Diário. Os coadjuvantes mantêm a qualidade das atuações.

Mas o grande mérito de todo o filme é a direção competente de Bryan Singer. Responsável por grandes filmes como Os Suspeitos e X-men 2, mais uma vez ele assume uma história de super-herói e, como fã bem qualificado do Superman, faz uma história envolvente, emocionante e marcante, digna de um super-herói do porte do azulão.

Logo na abertura, o público é brindado com uma bela homenagem ao filme de 1978: foram mantidos o mesmo tema musical e a mesma tipologia dos créditos iniciais da aventura estrelada por Christopher Reeve. Para os saudosistas, é arrepio garantido. A história começa mostrando a explosão de Krypton e incontáveis fragmentos do planeta se espalhando pelas galáxias. Um deles cai na Terra, mas… Surpresa! Não se trata de uma pequena nave carregando o bebê Khal-El, como poderia se supor, mas sim do Super-Homem já crescido, retornando à fazenda de sua mãe terrestre. Explica-se: Superman – O Retorno parte da premissa que o Homem de Aço teria abandonado nosso planeta, alguns anos atrás, em busca de suas origens, e estaria regressando agora. Ou seja, o subtítulo “O Retorno” refere-se não somente ao fato de estarmos completando quase 10 anos sem nenhum longa-metragem do personagem nos cinemas, como também à própria trama em si.

No período em que esteve fora, Superman abandonou sua grande paixão, Lois Lane, e a mítica Fortaleza da Solidão, seu lugar secreto de reflexões e aprendizado. Duplo prejuízo. Lois agora tem um filho e está vivendo com o sobrinho do dono do jornal Planeta Diário, enquanto o megavilão Lex Luthor invadiu a Fortaleza e decifrou seus segredos. É hora de recuperar o tempo perdido.

Defeitos? Sim, alguns. Mas vai depender muito da maneira que você assistir ao filme. Existem algumas coisas bem difícies de aceitar como, por exemplo, Lex Luthor querer um continente só para ele, destruindo bilhões de seres humanos em todo o mundo. Que valor terras teriam sem pessoas para pagarem por elas? E assim você poderia detectar várias falhas durante toda a projeção. Tá, mas existir extra-terrestre, ele disfarçar-se atrás de óculos, voar e usar uma cueca por cima da calça é a coisa mais normal do mundo. Além do mais, é um filme de fantasia e, assim como nos primeiros, usa de recursos um tanto quanto irracionais para tornar a trama mais interessante. Quem se lembra do logotipo do peito do Superman sendo lançado como uma rede para prender um dos fugitivos criptonianos e do beijo hipnótico que ele deu na Lois que a fez esquecer muitas coisas em Superman II?

Mas o que mais incomoda em toda essa história de Superman, sem dúvida, é o lance de o pintarem como salvador do mundo, fazendo dele uma alusão bem clara a Jesus Cristo, o verdadeiro Salvador. Diversas vezes podemos notar isso: 1) Quando seu pai Jor-El diz que enviou ao mundo seu filho, seu único filho, pois acreditava nos seres-humanos; 2) Quando as pessoas discutem se precisam ou não de um salvador; 3) Quando, em determinado momento-chave do filme, Superman cai de braços abertos, como se estivesse sendo crucificado; entre muitas outras referências.

Isso pode incomodar, ou servir de ponto de partida para a evangelização de um amigo que porventura tenha visto o filme também. Mais uma vez, depende de como enxergamos as coisas. A grande diferença é que o Superman apenas faz parte de filmes e histórias em quadrinhos fantasiosos, já Jesus Cristo é muito real.

Para os saudosistas de plantão, aí vão referências que detectei dos primeiros filmes da franquia em “Superman – O Retorno”. Vou citar muitas coisas do filme, então deixei escondido para que você leia só se já viu o filme ou não se importa de saber de eventos chaves. Selecione com o mouse por sua conta e risco.

– Como já citei acima, os créditos iniciais que são idênticos;

– O porta-retrato na casa de Martha, mãe adotiva de Klark, com a foto do ator que interpretou seu pai no primeiro filme;

– O artigo escrito pela Lois “Passei a noite com o Superman” foi escrito depois de seu primeiro encontro com ele em “Superman – O Filme”;

– Quando Lex visita a Fortaleza da Solidão, Kitty comenta com ele: “Parece que você já esteve aqui”. E realmente esteve, acompanhado da senhorita Tatchmarker, em Superman II;

– Lois Lane recebe em “Superman – O Retorno” o prêmio Pulitzer que ela tanto almejava no segundo filme e no que ela fica pensando quando pendurada no elevador da Torre Eifell;

– Em Superman II os fugitivos kryptonianos substituem os rostos no monumento dos 4 presidentes pelos deles, destruindo o quarto. Em “Superman – O Retorno” Lex Luthor contrói uma cidade em miniatura com o mesmo monumento e, quando começa aquele apagão+terremoto, um dos rostos é destruído;

– Para Jason ser filho do Superman, Lois e Clark precisavam ter, digamos, coabitado, e isso acontece quando eles se casam em Superman II;

Marlon Brando participa do filme como Jor-El, pai de Superman. É o único que aparece nos filmes das duas gerações, apesar de ter morrido em 2004. Sua participação foi criada a partir de imagens de arquivo e seu nome é citado nos créditos finais.