Antes de mais nada, se pretende assistir a este filme, faça questão de entrar na sala desde o início da sessão para não perder o curta-metragem “A Banda de Um Homem Só” – maravilhoso. E também nem pense em sair do cinema antes de acabarem os créditos!
Dar forma e alma a histórias fantásticas é uma das especialidades dos estúdios Pixar desde a primeira vez que lançaram um longa-metragem de animação, Toy Story, em 1995. Dez anos depois de marcar para sempre a indústria cinematográfica em parceria com a Disney, o nome “Pixar” significa qualidade em animação digital. Por isso, não é de se estranhar a ansiedade que sempre acompanha os lançamentos de seus novos filmes. Carros é seu sétimo longa-metragem de animação e segue confirmando que, nessa área, não tem para mais ninguém.
Aqui, o diretor John Lasseter (de Toy Story) mergulha completamente num universo pelo qual confessa ser apaixonado: os carros. São eles os protagonistas desta imperdível animação. No centro da trama está Relâmpago McQueen (dublado
por Owen Wilson na versão original), um carro de corrida estreante e ambicioso. Destaque nas pistas em busca do titulo máximo da Copa Pistão, ele disputa o troféu com outros dois carros, muito mais experientes do que ele. O Rei (dublado na versão original
por Richard Petty, heptacampeão da NASCAR) é uma lenda nas pistas e está prestes a se aposentar. Chick Hicks (voz de Michael Keaton na versão original) está de olho na mesma posição que Relâmpago: a de novo queridinho das pistas.
A caminho de Los Angeles para a corrida que pode lhe dar a tão sonhada Taça Pistão, Relâmpago se perde e vai parar na pacata cidade de Radiator Springs, à beira da famosa Rota 66. McQueen fica preso ao local depois de provocar um grande acidente que destrói a estrada que cruza a cidade. Lá ele vai fazer amizades e aprender… bom, isso vocês já podem prever.
“Carros” é como um bolo de aniversário que a Pixar se deu para comemorar os dez anos desde que seu primeiro longa foi lançado e os vinte anos do estúdio. Há diversas referências aos outros filmes e curtas do estúdio – culminando nas imperdíveis cenas que aparecem durante os créditos finais. Assim como as outras animações da Pixar, podemos encontrar uma história envolvente, desenvolvida por um roteiro melhor ainda, apesar de seguir a fórmula básica de um filme tipicamente infantil que interessa até os adultos. A história mostra o embate entre o novo e o velho; carros de corrida com decalques versus os “normais”, com ferrugens e história; a individualidade, conseqüência do estilo de vida moderno, contra o espírito de coletividade tão perdido quanto a cidade de Radiator Springs do filme.
Também não faltam os personagens carismáticos, com os quais o espectador pode, sim, se identificar – por mais que sejam apenas carros – e, claro, a qualidade visual. A primeira cena, na qual o ponto de vista que seria da câmera que está dentro da pista de corrida, é perfeita. Todos os detalhes, os ângulos, fazem com que o espectador se sinta como se fosse um dos carros competindo. Ao mesmo tempo, existe esse cuidado com cada pedra, cada grão de areia que o protagonista encontra em sua epopéia pela Rota 66 – resultado de uma extensa pesquisa feita pelos animadores de “Carros”. (Teve hora que eu até esqueci que estava vendo um filme de animação de tão convincentes que estão as cenas e fui lembrado apenas quando os carros voltaram a falar.) Por isso, esta produção significa que a técnica dos estúdios Pixar evolui a cada nova produção, como sempre, agradando aos pequenos e aos seus pais de maneiras diferentes, mas satisfatórias em ambas as situações.