A espécie humana possui um período gestacional mais ou menos fixo. Durante quarenta semanas um microscópico óvulo fecundado por um ainda mais microscópico espermatozóide se fixa à parede uterina e começa a desenvolver. Ao final das primeiras 12 semanas (aproximadamente 3 meses), a maior parte dos órgãos do feto já estão formados. Neste período, o feto ainda é bem pequeno, e o útero fica quase todo escondido dentro da pelve da mãe. No segundo trimestre, os órgãos formados começam a funcionar. Os músculos se mexem, às vezes voluntariamente, outras de forma espástica. O feto começa a esboçar os movimentos respiratórios, ainda que os pulmões estejam cheios de líquido amniótico. A mãe já começa a exibir o abdome gravídico, pois o útero salta e o feto então parte para o último trimestre que é uma fase de ganho intenso de peso e acúmulo de gordura. A futura mamãe precisa ter uma alimentação balanceada para oferecer ao bebê todos os nutrientes que ele precisa.
Finalmente, por volta da 38ª a 40ª semana de gestação nasce o tão esperado rebento. Os bebês que nascem neste período gestacional são chamados bebês a termo ou maturos, porque nasceram ao término do período correto. Os menores de 37 semanas são chamados pré-termo ou prematuros. Os que excedem a 41ª semana são chamados pós-termos ou pós maturos.
O peso médio de nascimento dos bebês a termo é 3500 gramas e o comprimento médio de 50 centímetros. Bebês com peso inferior a 2500 gramas são tidos como “baixo peso”; os menores de 1500 gramas “muito baixo peso”, e os menores de 1000 gramas “extremo baixo peso”. O peso ao nascimento é influenciado pela idade gestacional, pela constituição genética, pelas condições maternas – fumo, uso de drogas, desnutrição, doenças maternas, etc…
Desta forma, um bebê prematuro que nasce com 2400 gramas, é considerado, prematuro e baixo peso, porém o peso é compatível com a idade gestacional. Isto significa que ao final do primeiro ano de vida pós-natal esta criança provavelmente apresentará crescimento compensatório, chegando ao peso normal para a idade cronológica. Toda criança com história de baixo peso ao nascer deve ser considerada como criança de risco nutricional e deve ser acompanhada com maior assiduidade pelos serviços de saúde, especialmente no primeiro ano de vida.
Ao sair da maternidade o bebê recebe o “Cartão da Criança”. Esta caderneta é um documento importantíssimo que serve não só para marcar as vacinas que a criança fez uso, mas também para controle do crescimento e desenvolvimento e detecção precoce de agravos que podem prejudicar a saúde da criança. Cuide do cartão do seu filho. Não é raro o esquecimento do cartão durante as consultas de rotina. Lembre-se: o cartão que contém a história perinatal é o registro da saúde da criança e deve ser levado em toda consulta médica, odontológica, fisioterápica ou assistencial.
Nas primeiras vinte e quatro horas o bebê evacua fezes esverdeadas e um pouco amolecidas que são chamadas de “mecônio”. Ele pode ser eliminado até 48 horas após o nascimento. Após isto, a característica das fezes passa para amarelo grumoso líquido ou semi-pastoso. É perfeitamente normal que o bebê amamentado ao seio evacue a cada mamada. O extremo também é esperado, quando o recém-nascido pode ficar até sete dias seguidos sem evacuar. Apesar de ser motivo de grande preocupação, ambas as situações são variantes da normalidade. Os pais devem ficar alertas para as crianças que apresentem “dor” ao evacuar. Isto pode ser observado quando o bebê faz grande esforço ao evacuar; usualmente as fezes possuem consistência endurecida. Estes quadros requerem a intervenção do pediatra para orientação específica.
Outra situação bastante comum na primeira semana de vida é a icterícia, também chamada amarelão ou tiriça em algumas regiões do país. O bebê apresenta a tonalidade da pele amarelo-alaranjada, normalmente inicia pela face e progride até o pé. Existem várias causas para a icterícia que deve ser identificada e esclarecida pelo pediatra assistente. Alguns mitos sobre icterícia: nem toda icterícia precisa de tratamento com fototerapia (terapia que a criança fica sob uma fonte luminosa); não existe qualquer benefício com o uso de chás, como o de picão (ademais, o uso de chás em recém-nascidos nunca é recomendado, pois prejudica o aleitamento materno); banho de sol é importante no recém-nascido com icterícia, pois ajuda na resolução do quadro (os horários para banho de sol são: antes das 10h e após as 16h, sempre com proteção nos olhos; começando com 1 a 2 minutos por dia até o máximo de 10 minutos por dia).
O aleitamento materno é outro passo importantíssimo para o jovem trinômio: mãe-bebê-pai. A maioria dos cursos de aleitamento enfatiza a importância do binômio mãe-filho. Estou convencido, pela prática pediátrica, que a participação dos pais durante o aleitamento é muito importante. NENHUM BEBÊ ALIMENTADO AO SEIO MATERNO EXCLUSIVAMENTE PRECISA DE COMPLEMENTO ALIMENTAR ATÉ OS 6 MESES DE IDADE. O leite materno possui algumas características. Nas 48 horas após o parto, ele é amarelado – chamado colostro. A seguir assume uma aparência de “água de arroz”, que é o leite maduro. Este leite contém todos os nutrientes que o bebê precisa, além de oferecer toda a água necessária. Desta forma, não é necessário oferecer nem água aos bebês.
Não marque hora para o bebê mamar. Deixe que ele esvazie completamente a mama, pois é o leite que sai no final da mamada que contém mais gordura, e portanto, garante maior aporte de calorias. Um recém-nascido mama, em média, a cada 2 ou 3 horas.
A maior causa de insucesso no aleitamento materno é a má-pega ao seio materno, ou seja, o bebê não consegue abocanhar corretamente a mama da mãe. A pega é considerada correta quando o bebê encosta o queixo no peito da mãe, ficando com as narinas livres e abocanhando toda a aréola mamária (parte que compreende o mamilo e a região colorida ao redor). Durante o aleitamento, converse com o bebê. Conte histórias para ele. Cante canções simples. Chame o pai para que converse com o bebê ao seu lado. O momento do aleitamento materno é um excelente momento para fortalecer a família.
Outra dica importante diz respeito ao banho do recém-nascido. A pele do recém nascido possui uma película de gordura natural que a protege. Excesso de sabonete ou água muito quente pode retirar esta proteção e deixar a pele do bebê muito seca. Cuide para que os banhos sejam dados na hora mais quente do dia, em ambiente livre de correntes de ar, com água morna e pouco sabonete. Não é necessário adicionar nada na água do banho, como álcool ou outras substâncias.
O coto umbilical deve ser tratado com bastante cuidado. Limpe diariamente com água e sabonete na hora do banho, seque cuidadosamente e a seguir pingue algumas gotas de álcool a 70% (encontrado em farmácias). O coto umbilical demora cerca de 7 a 10 dias para sua queda. Após a queda do coto umbilical, pode restar uma cavidade úmida que secreta uma secreção amarelada chamada granuloma umbilical. Nestes casos, o pediatra deve ser consultado para conduta apropriada.
Tenha muito cuidado com o seu bebê. No primeiro mês de vida, as principais causas de acidentes são: sufocação (cuidado com travesseiro e cobertor); queimaduras (testar a temperatura da água); trauma (alfinetes, especialmente); engasgos – todo recém-nascido tem um certo grau de refluxo de leite do estômago para a boca que é normal e se resolve até o final do primeiro ano de vida. No entanto este refluxo às vezes pode ter conseqüências trágicas, por isso é muito importante que a criança durma sempre no seu berço (nunca na cama com os pais), com a cabeceira do berço elevada a mais ou menos 30º (coloque um travesseiro médio embaixo da cabeceira do colchão do berço) de forma que a criança durma em posição semi-sentada e deitada de lado.
Na próxima semana, falaremos sobre um assunto importantíssimo: O choro do bebê.