“Portanto, tenham cuidado. Se vocês estão pensando: “Eu nunca faria uma coisa dessas”, que isso lhe sirva de advertência. Porque você também pode cair em pecado. Lembrem-se, porém disso – os maus desejos que penetram na vida de vocês não tem nada de novo nem de diferente. Muitos outros enfrentaram exatamente os mesmo problemas antes de vocês. E nenhuma tentação é irresistível…” I Co 10:12 e 13 – Bíblia viva.
A autoconfiança é um sentimento traiçoeiro. Imaginar que os frutos que colhemos são conseqüência apenas da nossa capacidade, tira o nosso foco de Deus e coloca nossos olhos em nós mesmos. E isso é um perigo!
No contexto da igreja, o orgulho é muito comum, mesmo que disfarçado de espiritualidade. Recebemos de Deus ministérios e relacionamentos. Ele nos pede para apenas fazer bom uso deles, honrando-O em tudo. Começamos bem: aconselhamos famílias e vemos a paz aos poucos se estabelecer no lar. Oramos a Deus glorificando-O por isso. Um outro dia, cedemos um pouco do nosso tempo para ouvir o desabafo de alguém, num mundo onde ninguém mais age assim, e vemos esta pessoa se “debulhar” em lágrimas na nossa frente, manifestando uma gratidão como se tivéssemos transferido nossa herança milionária para a conta bancária dela. Nesse dia, esquecemos de orar, mas o sentimento de ter ajudado alguém não sai do nosso peito.
Uma outra oportunidade, falamos do evangelho para alguém de coração duro, que já teve péssimas experiências com outros cristãos, e de repente ouvimos “Eu quero crer nesse Deus do qual você está falando”. Saímos dali extasiados, e pensamos: “como devo ser um bom cristão, basta uma palavra minha para que vidas sejam mudadas… eu realmente devo ser muito bom!”
Isso pode parecer apenas uma ilustração, mas o texto bíblico que destaquei acima diz para termos cuidado ao dizer que nunca agiríamos dessa forma. Cuidado ao achar que você pode resistir a uma tentação por si só. E se essa tentação for a do orgulho, eu lhe digo sem medo de errar: você não poderá resisti-la sozinho, nem tente!
E eu não estou nem pensando em tentações de cunho moral, sexual ou financeiro, pois estas já são vistas tradicionalmente como difíceis de resistir. Satanás sabe o que o envolve, mesmo se for o serviço cristão. E é isso que ele usará como tentação. Ele sabe o quanto é prazeroso o trabalho no reino porque envolve vidas, salva vidas e isso é uma delícia! Porém, não está em nós esse poder, mas ele nos foi dado pelo Espírito de Deus (Atos 1:8 – “… mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito de Deus…”). Se isso não tivesse acontecido, a pregação mais eloqüente não mudaria uma vida, a música mais melodiosa não mudaria a história de uma pessoa. Tudo porque não há autoridade por parte de quem fala.
Se Deus, olhando do céu, não puder contar com a minha vida para ser canal da benção que procede dEle, posso fazer uma verdadeiro malabarismo, um show pirotécnico de fé, que não terá os efeitos que Ele quer. E estes efeitos são os eternos – salvação e cura espiritual – e não os imediatos – choro, emocionalismo, mãos erguidas, etc. Afinal é um verdadeiro coitado aquele que espera em Deus só para esta vida!
A nossa força deve vir do imenso poder do Senhor dentro de nós (Ef 6:10), mas o poder é dEle! Nosso papel é nos revestir da armadura de Deus para que esse poder encontre lugar confortável em nós. Satanás conhece muitas táticas para nos derrubar, e nós só conhecemos uma para derrubá-lo – Cristo em nós! Não Cristo para nós, trabalhando para nós; mas sim, nós escolhendo-O em cada ato e nos preparando para sermos achados fiéis. Contra essa arma, Satanás não sabe lutar a não ser colocando o orgulho em nosso coração, incutindo nas nossas mentes que há tanto poder e bondade em nós que nem precisamos de Cristo para sermos bons cristãos. Porém, ele é o pai da mentira, portanto não se deixe enganar!