Imagine que você vem de uma grande família – mais ou menos uma dúzia de filhos. Uma família mais misturada que o grupo do Brady. Todos os filhos são do mesmo pai, mas eles têm quatro ou cinco mães diferentes.
Imagine também que seu pai é covarde e tem sido um por um longo tempo. Todos sabem disso.
Todos sabem que ele fraudou seu tio na herança. Todos sabem que ele foge como um covarde para evitar ser pego.
Também vamos imaginar que o seu tio-avô enganou seu pai casando-o com a irmã de sua mãe. Ele fez com que seu pai ficasse bêbado antes do casamento e fez sua filha feia ir para o altar ao invés da filha bonita com quem seu pai pensou que estivesse se casando.
Entretanto, isso não desanimou seu pai. Ele casou-se com as duas.
A que ele amava não podia ter filhos, então ele dormiu com a empregada dela. Na verdade, ele tinha o hábito de dormir com a maioria das ajudantes de cozinha; como resultado, a maioria de seus irmãos se parece com as cozinheiras.
Finalmente, a noiva com a qual seu pai queria casar-se em primeiro lugar fica grávida… e você nasce.
Você é o filho preferido… e seus irmãos sabem disso.
Você ganha um carro. Eles não. Você ganha um Armani, eles ganham um K-Mart. Você ganha um acampamento de verão, eles ganham empregos de verão. Você fica instruído, eles ficam bravos.
E eles se vingam. Eles o vendem para um projeto de serviço no exterior, colocam você em um avião para o Egito, e dizem ao seu pai que você foi baleado por um franco-atirador. Você se encontra rodeado de pessoas que você não conhece, aprendendo um idioma que você não entende, e vivendo em uma cultura que você nunca viu.
Conto imaginário? Não. É a história de José. O filho preferido em uma família esquisita, ele tinha toda razão para ficar bravo.
Ele tentou fazer o melhor disso. Ele tornou-se o principal funcionário da liderança do Serviço Secreto.
A esposa de seu chefe tentou seduzi-lo e, quando ele recusou, ela fez beicinho e ele acabou na prisão.
O Faraó ficou sabendo que José podia interpretar sonhos e o deixou arriscar em alguns do próprio Faraó.
Quando José os interpretou, foi promovido para fora da prisão para dentro do palácio como primeiro-ministro. A segunda maior posição em todo o Egito. A única pessoa a quem José se submetia era o rei.
Enquanto isso houve uma fome e Jacó, pai de José, enviou seus filhos ao Egito para um empréstimo estrangeiro.
Os irmãos não sabem disso, mas eles estão em frente do mesmo irmão que venderam para os ciganos há uns vinte e dois anos atrás.
Eles não reconhecem José, mas José os reconhece. Um pouco mais careca e barrigudo, mas são os mesmos irmãos. Imagine os pensamentos de José. A última vez que ele viu aqueles rostos, ele estava olhando para eles de baixo para cima do fundo de uma cova. A última vez que ele ouviu aquelas vozes, elas estavam rindo dele. A última vez que eles chamaram seu nome, chamaram-no por todos os nomes no livro.
Agora é a vez dele de vingar-se. Ele tem completo controle. Um estalo de seus dedos e esses irmãos estão mortos. Melhor ainda, prenda algumas algemas em suas mãos e pés e deixem-nos ver como é um calabouço egípcio. Deixem-nos dormir na lama. Deixem-nos esfregar o chão. Deixem-nos aprender egípcio.
A vingança está dentro do poder de José. E há poder na vingança. Poder intoxicante.
Nós já não o provamos? Já não fomos tentados a vingar?
Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com