Morda a língua

“Das brigas que ganhei, nem um troféu como lembrança pra casa eu levei”
(Pato Fu, Citação de Soninha Francine para a revista “Vida Simples”).

As pessoas costumam dizer que um dos segredos para o sucesso dos relacionamentos duradouros e saudáveis é isto ou aquilo. São boas razões como tolerância, respeito, romance, perdão e outras pedras preciosas que podem, sem dúvida, enriquecer uma amizade ou um casamento.

Mas hoje escolhi falar de algo que tem se tornado um lema e uma busca em minha vida. Procuro seguir ou perseguir esta regra para que o meu casamento, as minhas amizades e outras relações sejam abençoadoras e plenas de alegria e prazer. É simples, mas muito importante. Eu luto para não quebrar esta minha regra sagrada. Nem sempre consigo, o meu coração ainda não é puro como gostaria.

A regra a que me refiro é a de nunca dizer: “eu não avisei? eu não disse?”.

Você pode achar a princípio que é banal ou simples de vivenciá-la, mas não se engane, talvez seja uma das maiores demonstrações de amor possíveis e, muitas vezes, praticá-la exige um grande esforço.

E sabe por que é difícil? Simples: para praticá-la, precisamos vencer o orgulho. É preciso derrubar um dos maiores gigantes que habitam o nosso ser: o orgulho. O mesmo veneno insidioso que levou Uzias à queda (II Crônicas 26. 16), Davi ao castigo (I Crônicas 21), Nabucodonozor ao pasto (Daniel 4. 33) e Golias ao chão (I Samuel 17. 41 a 50). O orgulho ainda derruba impérios e destrói amizades, relacionamentos.

Todos já nos sentimos tentados, depois de aconselharmos, avisarmos e orientarmos alguém, e acontecer justamente o que havíamos dito que aconteceria, a dizer: “eu não falei que isso iria acontecer?”.

E por que fazemos isso? Por orgulho. Para sentirmos a sensação de vitória na discussão. Pura vaidade de sermos reconhecidos como quem tinha razão.

Mas para a outra parte, que volta com o coração humilhado pela derrota, a última coisa que se deseja é ser ainda espezinhado e tripudiado por aquele que, nessa hora, deveria ser acolhida, amparo e amor.

Quando jogamos na cara de alguém um “eu não disse que isso aconteceria?”, machucamos mais ainda quem já está por baixo. “Dói muito ouvir um “eu te disse!” Depois que alguma coisa dá errado” (Soninha). O verdadeiro amor não pronuncia essas palavras.
Sabe quem ganha quando dizemos “eu avisei que isso aconteceria”? Ninguém.

Por isso, na próxima vez que se sentir tentado a dizer essas palavras recheadas de orgulho, peça para que Deus te ajude a morder a língua e resistir à tentação. Evitando assim que ambas as partes saiam derrotadas e machucadas.

“O amor é bondoso. Não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata” (fragmentos dos versículos 4 e 5 de I Coríntios 13).

por Clóvis Jr.