Entre as adaptações cinematográficas, as que mostram as aventuras dos heróis mutantes conhecidos como X-Men são as que mais agradam aos fãs dos quadrinhos. Não somente pela fidelidade, mas, principalmente, pela qualidade dos filmes. O primeiro, de 2000, tornou-se referencial em se tratando de “filmes inspirados em HQs”. O segundo, lançado três anos depois, entrou para a lista das “continuações que superam o anterior”. X-Men: O Confronto Final chega aos cinemas prometendo finalizar a trilogia. Mas, no filme, o que o espectador encontra não é somente a conclusão da saga, mas também a possibilidade de um quarto filme – o que não deve ser nada difícil caso esta produção faça sucesso nos cinemas em termos de bilheteria, como bem reza a cartilha de Hollywood.
Nesta produção, os discípulos do Professor Xavier (Patrick Stewart) lutam contra uma “cura” em relação às mutações. Isso porque a maioria dos humanos sempre encarou esses superpoderes (uma dádiva na maioria dos casos, se você pensar bem) como uma doença. Um deles resolveu levar isso a sério e fazer um “serviço” a esses ex-humanos. O multimilionário Warren Worthington II (Michael Murphy) conduz uma experiência que dura mais ou menos dez anos para descobrir a fórmula da cura com a ajuda do mutante Jimmy (Cameron Bright), capaz de anular o poder de mutantes que chegam perto dele. Tudo isso porque o filho do empresário nasceu com superpoderes. Ele é o Anjo (Ben Foster), um dos personagens mais queridos das aventuras nos quadrinhos. Com asas que atingem uma envergadura de cinco metros, aproximadamente, ele é capaz de voar. Com a “cura” em mãos, Warren tenta fazer com que seu filho seja uma pessoa normal. Sem sucesso. Mesmo assim, ele comercializa o medicamento aos mutantes que estejam a fim de se integrarem à sociedade de uma forma plena. Entre os X-Men, a única pessoa interessada nessa “solução” é Vampira (Anna Paquin), que ainda busca um relacionamento “normal” com o colega Bobby (Shawn Ashmore). Entre os outros mutantes que protagonizam a produção, a resposta vem em forma de revolta. Especialmente em se tratando de Magneto (Sir Ian McKellen), que resolve responder de forma violenta, juntando os mutantes mais poderosos e declarando guerra ao laboratório que apresenta a fórmula milagrosa.
Outra novidade em “X-Men: O Confronto Final” é a mudança sofrida por Jean Grey (Famke Janssen), que todos achavam estar morta desde o filme anterior. Eis que ela ressurge com uma nova personalidade, conhecida como Fênix. As tentativas de Xavier em manter essa persona adormecida falham e ela ressurge mais poderosa do que nunca, disposta a não ser mais controlada. Seduzida pelas propostas revolucionárias de Magneto, ela debanda para o outro grupo de mutantes.
“X-Men: O Confronto Final” mantém o verdadeiro espetáculo de efeitos especiais. As piadas, antes reservadas somente ao Wolverine (Hugh Jackman, que mais uma vez dá um show), também estão nas mãos do novo personagem, o Fera (Kelsey Grammer), mutante azul que representa a “categoria” junto ao governo. O tema dá brechas para que aconteçam criticas sociais e debates em relação ao preconceito perante o diferente. A mutação, entre os personagens deste filme, é uma característica que eles apresentam como seres humanos. Então, encará-la como uma doença é como ver a homossexualidade, por exemplo, da mesma forma. Mas aí é outra história. No entanto, a trama tem dificuldade em manter a atenção do espectador. Em comparação aos outros filmes da trilogia, esta parte é inferior (especialmente em se tratando do segundo longa). Isso se deve à mudança de direção: enquanto os primeiros foram conduzidos
por Bryan Singer – que abandonou este projeto para dirigir Superman – O Retorno -, este é dirigido
por Brett Ratner, de A Hora do Rush. O que não compromete o desempenho de X-Men: O Confronto Final como entretenimento. Quem busca muitas cenas de ação e efeitos especiais estonteantes, esta é, definitivamente, uma boa opção. No entanto, ainda falta o toque que tornou os filmes anteriores tão especiais. Quem sabe na próxima, não é?
Uma dica: espere os créditos finais terminarem de vez.