“Conjuro-te, pois… que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.” 2 Timóteo 4:1,2.
Devemos entrar nessa escura cela romana para ver um quadro triste. Era um cárcere subterrâneo, que tinha no teto um buraco por onde entrava alguma luz e ar. Dentro, preso a uma parede estava um ancião sujo e com pouca roupa. Nota-se que fazia tempo que não comia bem nem tomava banho.
Tinha muitas cicatrizes, golpes de chicotes, de varas, que se mesclavam com as rugas da velhice. Tinha a cabeça inclinada. Parecia muito cansado. Não parecia ser uma grande ameaça para Roma. Mas estava perto de ser executado.
Jamais havia machucado alguém. Não era um assassino, nem um soldado desertor, nem um subversivo, nem um ladrão. Estava preso injustamente. O julgaram por uma mentira e o condenaram.
Este ancião estava escrevendo uma carta. O que poderia escrever no lugar? Um testamento, palavras de despedida para os entes queridos, pedidos de justiça. Seriam palavras de dor, de rancor, de tristeza.
Paulo não escreve nada disso. Em sua última carta para Timóteo, existe só uma coisa que o preocupa. Que o evangelho continue pregado. Havia muitas ameaças para a igreja. Herodes havia lançado uma grande perseguição, e muitos haviam desertado. Além disso, haviam se multiplicado os pregadores de heresias e mentiras. Cada dia aparecia uma nova. E muitos se confundiam e se afastavam.
Paulo sabia que lhe restava muito pouco tempo, e se preocupava por saber o que iria acontecer com a igreja quando ele morresse. Por isso ele escreve a Timóteo, e lhe faz este pedido solene. Ele tinha que ficar atento e cuidar do evangelho. Teria que continuar pregando, ainda que os demais ficassem calados. Teria que vigiar para que ninguém ensinasse uma doutrina incorreta, que ninguém mentisse sobre o evangelho, que ninguém distorcesse o evangelho de Deus.
Ele já não viveria mais e lhe deixava o legado. Alguém tinha que assumir esse cargo. E Paulo pediu isso a Timóteo.
Passaram-se dois mil anos, e o pedido continua valendo. Hoje também Deus necessita de servos fiéis que se animem a pagar o preço de cuidar do evangelho.
REFLEXÃO – Deus o comissiona.
Notas:
Traduzido por Paulinho Degaspari
por Daniel Perez Cliffe