Amigos, ele parecia não ganhar uma. Estava fadado ao fracasso. Foi desprezado desde que nasceu. Tentaram matá-lo ainda um bebê. Quando cresceu e começou a se tornar famoso, seus familiares acharam que ele tinha ficado louco. Na primeira visita à cidade onde foi criado, tentaram fazê-lo calar.
Embora famoso, nunca conseguiu juntar dinheiro sequer para comprar uma cama. Tudo o que ele tinha e usava era emprestado de alguém.
Os religiosos achavam que ele era uma ameaça ao status quo e passaram a persegui-lo impiedosamente. Acusaram sua doutrina, sua origem, insinuaram obscenidades sobre seus relacionamentos. Ele sofreu o desprezo das pessoas mais próximas, sentiu o gosto amargo da traição, do abandono. Um dos seus melhores amigos, quando em apuros por causa dele, disse que não o conhecia, que não tinha nada a ver com ele, que não sabia de nada. Até mesmo alguns de seus amigos leais tinham medo de se identificarem como tais. Apoiavam-no, mas às escondidas. Não tinham disposição de colocar a cara a tapa.
Dentro de poucos anos, passou a representar uma ameaça à segurança nacional. Tramaram contra ele, difamaram-no e arquitetaram um plano macabro para acabar até mesmo com a memória do seu nome. Se ele fosse condenado, como um criminoso bárbaro e perverso, pensaram eles, todos cuspiriam sobre seus restos mortais e em pouco tempo ele seria completamente esquecido. Conseguiram um veredicto, puseram-no sobre uma cruz, cercaram seu túmulo com guardas de elite. Pronto. A derrota estava decretada.
Isso era o que eles pensavam. Dois mil anos depois, pouca gente seria capaz de citar o nome do sumo-sacerdote que condenou Jesus pela lei dos judeus. Pilatos, o governador, é um nome que simboliza a pusilanimidade, a falta de ética, aqueles que se borram de medo de tomar uma posição que desagrade à maioria. Mas o nome de JESUS está sobre todo o nome, no céu, na terra e debaixo da terra. Nenhum nome pode ser comparado ao seu. Quem ganhou, então? De quem foi a última palavra? Quem foi o verdadeiro vencedor e quem foram os derrotados?
Nem sempre é fácil decidir de que lado ficar, enquanto a história está sendo escrita. Isso porque a decisão correta só se faz pela fé. Apesar de seus defeitos, fraquezas e covardias, um pequeno grupo de inexpressivos galileus, entre os quais mulheres que outrora tinham vidas repugnantes, homens que mal sabiam ler e escrever, creu nele. Por isso, apesar de todas as suas imperfeições e dúvidas, eles escolheram o lado vencedor.
De que lado você está? Como você toma suas decisões? Quando chega o momento (e sempre chegará, seja na vida pessoal, na igreja, no trabalho ou na escola) de tomar uma posição a respeito de “certo e errado”, quando é preciso julgar, discernir, definir uma postura, descer de cima do muro e assumir o que você pensa, o que você leva em conta? Você considera as coisas com os olhos da ganância, do interesse pessoal, das predileções? Você é daqueles que antes de entrar em campo, olha de um lado para o outro e só entra no time que está ganhando no momento? Essa é a maneira limitada de olhar a vida daqueles que não conseguem enxergar o eterno. Como Ló, de olho nas campinas verdejantes, eles estão presos ao presente, àquilo que podem tocar, sentir e aproveitar agora. Esquecem-se de que o maior vencedor é o que fica com a última palavra, nunca com a primeira. Abraão olhava para o futuro, para uma cidade inabalável, para uma promessa que não o frustraria.
Não se apresse quando o assunto é vitória ou derrota. Há uma máxima no futebol que diz que “o jogo só acaba quando termina”. Não julgue nada antes do tempo. Não cobre resultados antes que o projeto tenha sido encerrado. Não imagine jamais que você é o único iluminado a enxergar o fim da caminhada. Ela pode estar muito mais longe do que você pensa e pode ser que um dia você ainda tenha que olhar (de fora) cenários maravilhosos e exuberantes que, na sua pressa, você vaticinou que nunca seriam possíveis.
Jesus viveu os dois lados da história. Por isso, ele pode chegar para aqueles que hoje se encontram desanimados, pensando em desistir, achando que não tem mais jeito, que o negócio é entregar o jogo e ir pescar, bater no ombro deles e dizer: “Ei, rapaz, levanta. Ainda estamos no primeiro tempo. Acorda pra vida, porque ainda temos muito pela frente. Você nem imagina o placar final”.
Pensando bem:
Desesperar jamais! Aprendemos muito nesses anos. Afinal de contas não tem cabimento Entregar o jogo no primeiro tempo. Nada de correr da raia, Nada de morrer na praia, Nada, nada, nada de esquecer No balanço de perdas e danos Já tivemos muitos desenganos Já tivemos muito que chorar Mas agora acho que chegou a hora de fazer. Ivan Lins