“Até os jovens se cansam e ficam exaustos, e os moços tropeçam e caem; mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam” [1]
Consolem, consolem o meu povo. Ministros do Deus vivo, bradai em alta voz! Morros, guetos, vielas, metrópoles e cidadelas; todo ajuntamento ouça a voz do Senhor: Não cale a vossa voz enquanto falcões estendem de forma impetuosa suas garras sobre vossos filhos e vossas filhas. Faze saber a leste, oeste, norte e sul que o Senhor é Deus. Grita à beira dos muros do ninho do falcão. Profetiza a Palavra do Senhor. Clamem! Rasgai vosso coração, Ministros do Deus Vivo, e não se cale o clamor, mesmo que o falcão lhes arrebatar alguns. Profetiza.
Estava de plantão no domingo em que o documentário Falcão: meninos do tráfico foi ao ar. Como o plantão estava tranqüilo, resolvi assistir aos três blocos que mostraram, sob a narrativa dos próprios protagonistas, como funciona o submundo do tráfico. Pobres, na sua quase totalidade, vitimados por uma situação social deplorável, tornados corruptíveis pela circunstância e pela natureza caída.
Os falcões falam sem rodeios sobre a arquitetura do esquema de venda de entorpecentes. No domingo à noite, em horário nobre, o Brasil é introduzido a uma sub-língua portuguesa praticada pelos jovens traficantes. O falcão vigia a favela do alto enquanto os amigo distribuem a mercadoria. Os aviãozinho fazem o trabalho de distribuição ponto-a-ponto. Se no meio do caminho aparece algum x-9 para delatar um amigo, todo o grupo passa fogo no desgraçado.
Soubemos também no documentário que adjunto ao esquema hierárquico, mas não à sua margem, estão os jovens do asfalto, bem vestidos e com posses. Igualmente vítimas. Igualmente culpados.
Falcão: meninos do tráfico fez com que o Brasil acordasse na segunda-feira de ressaca. O clamor social por alguma atitude concreta era claro. Os produtores do documentário foram à Brasília. Deram um livro e um DVD do documentário para o presidente da República. O ministro da Justiça comentou o caso. Algumas outras personalidades também falaram. E acabou.
Particularmente, gostaria de compartilhar aos irmãos que o documentário me tocou bastante. Em meu íntimo senti como se o Senhor falasse ao meu coração exatamente as palavras que escrevi no primeiro parágrafo deste texto. Fui conduzido a lembrar da profecia de consolo proferida por Isaías dizendo que os que esperam no Senhor têm suas forças renovadas.
Em um embate entre os “Falcões do tráfico” e as “Águias que confiam no Senhor”, quem levaria a melhor? Tanto a águia como o falcão são aves de rapina. Como as águias voam sustentadas apenas pela resistência do ar, os que confiam no Senhor andam sustentados pela força sobrenatural do Espírito Santo. Os Falcões do tráfico são, confessamente, sustentados pelo teço[2] , motivados pelo medo e pela insegurança. Protegidos pela escuridão.
Qual é o papel da Igreja em toda esta história? Que armas dispomos para batalhar? Amados, a maior arma de todos vocês já dispõem: a oração; o clamor ardoroso e incessante diante do trono do Pai. Precisamos clamar para que o Senhor capacite e sustente os servos que estão fisicamente no campo das favelas, pregando o Evangelho – a única força que é capaz de, efetivamente, mudar a realidade dos falcões do tráfico. Talvez assim haja esperança para estes jovens. A Igreja não muda o mundo com programações de fim de semana. A Igreja muda o mundo através do Poder de Deus, captado através da oração e manifesto por boas obras, obras de justiça, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
Somos os responsáveis por mudar a nossa nação. Não seja tímido diante do Senhor. Clame. Muito pode a oração do justo…
Notas:
[1] Isaías 40:30-31 [2] Referência ao consumo de um papelote de cocaína, comum entre os falcões do tráfico para se manter acordado vigiando a favela.