O Matador

É fato que os estúdios de Hollywood estão passando por uma crise séria de criatividade, tanto que não param de desenterrar sucessos do passado para tentar fazer dinheiro refazendo os filmes. Também é fato que as comédias atuais continuam insistindo em piadas de mau-gosto, flatulências, arrotos, tropeções e tortas na cara para tentar arrancar um sorrizinho de canto de lábio dos espectadores. Mas nos dá um alívio saber que ainda existem pessoas interessadas em fazer um bom filme, com extremo bom gosto e que não ofenda a nossa inteligência.

Felizmente este é o caso de O Matador, filme estrelado pelo ex-007 Pierce Brosnan, que consegue livrar-se da imagem de James Bond e encarar um novo personagem altamente carismático que é simplesmente o oposto do agente secreto.

O maior mérito deste filme é sua imprevisibilidade. Eu, particularmente, gosto de ser enganado pelos filmes que me fazem ter certeza de que vão tomar um rumo e tomam outro exatamente oposto, coisa que não aconteceu em Fora de Rumo, por exemplo. Em “O Matador” especialmente, mesmo que você pense no oposto do que espera acontecer, não acertará. Com um humor refinado e piadas que só sacarão os que estiverem mais atentos, o diretor surpreende-nos com reviravoltas impressionantes. Sem dúvida, o filme mais interessante deste ano até agora.

No entanto, e sempre há um “no entanto”, não posso deixar de mencionar algumas cenas lamentáveis totalmente descartáveis. Até agora eu não entendi porque elas estão lá pois não acrescentaram nada ao filme, mas elas estão. São as famigeradas cenas de sexo. Embora nada exageradas, elas estão lá só para não deixar nós, cristãos, recomendarmos o filme com a consciência tranqüila. Elas não ofendem muito, tanto que a classificação do filme é de 12 anos, e isso só pode ser culpa dessas cenas mesmo, pois, embora o filme chame-se “O Matador”, não há, que eu lembre, uma só gota de sangue em toda a exibição.

Caso desejar encarar mesmo assim, lembre-se de que eu avisei e prepare-se para dar boas risadas e assistir uma história totalmente anti-convencional e tremendamente cativante que vai fazer você ficar pensando nela por mais alguns instantes depois da projeção, o que é raridade hoje em dia.