Um manuscrito em siríaco do livro Actos dos Apóstolos, do Novo Testamento, está guardado na Biblioteca Central de Tabriz. O Vaticano já o quis comprar, mas o Irão não vende.
A Biblioteca Central de Tabriz (Irão) guarda uma das mais antigas edições de uma parte da Bíblia – um manuscrito do livro Actos dos Apóstolos, do Novo Testamento, que conta a história das origens cristãs. O livro foi escrito em siríaco, uma língua que viria a ser substituída pelo árabe, e é feito em pele de peixe. Devido à sua importância, o Vaticano já mostrou interesse em comprá-lo.
“Representantes do Vaticano propuseram, em diversas ocasiões, comprar o manuscrito à Biblioteca Central de Tabriz e estavam prontos para oferecer um cheque em branco”, disse a semana passada Manuchehr Jafari, responsável pela organização das bibliotecas públicas da província do Azerbaidjão Oriental, ao jornal iraniano Farhikhtegan. Pelo valor espiritual e material que detém – segundo o jornal espanhol El Mundo terá mesmo chegado, “em tempos muito antigos”, a servir de garantia à moeda iraniana –, o Irão tem-se recusado a vendê-lo.
Há 80 anos, o dono do manuscrito tencionava vendê-lo no estrangeiro, mas foi impedido pelo governo iraniano. O documento ficou então guardado na Biblioteca Central de Tabriz. Segundo o jornal espanhol El Mundo, as páginas do manuscrito “conservam em perfeito estado a tinta com que foi estampado o texto”.
Não se sabe quando foi redigido nem como é que foi levado para o Irão, mas segundo o mesmo jornal, os especialistas responsáveis pela análise do manuscrito asseguram que foi restaurado pela última vez há 800 anos.
Numa primeira fase, os especialistas julgaram tratar-se de um conjunto de livros sagrados que, segundo o islamismo, teriam sido revelados por Deus antes do Corão, como o Zabur (o livro de David) ou a Torah de Moisés, mas peritos europeus na língua siríaca perceberam que se tratava, afinal, de uma parte do Novo Testamento.
Uma das questões que este manuscrito levanta é a do seu grau de fidelidade ao original, que foi redigido em grego koiné, ou helênico, uma conformidade difícil de certificar por serem muito poucos, em todo o mundo, os especialistas com um conhecimento profundo da antiga língua siríaca.