“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”[1]
Jesus, o Maravilhoso
Segundo o dicionário Aurélio, Maravilhoso significa: “Que maravilha; que causa admiração; supreendente, espantoso; Excelente, primoroso, magnífico; Belo, encantador.” Isaías não poderia ter iniciado os predicados do Messias com outra palavra tão primorosa quanto esta.
De fato, todo o desenrolar da vida de Jesus, ele foi surpreendente – maravilhoso. Aos 12 anos, por exemplo, foi encontrado, após três dias supostamente “perdido”, no templo, onde a reação de todos a seu respeito foi de maravilha – “E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas.”[2] Por onde Jesus passava, suas atitudes e palavras maravilhavam a todos: “Maravilhavam-se sobremaneira, dizendo: Tudo ele tem feito esplendidamente bem; não somente faz ouvir os surdos, como falar os mudos.”[3] “Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.”[4]
A presença de Jesus causava impacto. As Boas Novas da Sua presença transformaram a vida da sociedade. O mundo nunca mais foi o mesmo após a vinda de Jesus.
A primeira lição de Isaías é: a Igreja, enquanto imitadora de Jesus, precisa causar um efeito “maravilhoso no mundo”. Precisamos ser um exemplo de excelência, primor e beleza encantadora, refletindo a beleza, o encanto e a excelência do próprio Messias.
Jesus, o Conselheiro
O segundo predicado, associado ao primeiro, nos mostra que o conteúdo da Palavra ministrada pelo Messias não seria vazio. Um conselheiro pressupõe um indivíduo experimentado e prudente. Possuindo um profundo senso do que convém, Jesus em toda sua caminhada mostrou grande sabedoria ao emitir seus discursos. Ainda que prestes a ser preso, admoestou Pedro que a solução não estaria na violência contra o soldado Malco – “Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?”[5]
O livro dos Provérbios adverte: “Não há sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho contra o SENHOR.”[6] Os escribas e fariseus não levaram esta Palavra a sério quando não puseram à prova as palavras de Jesus – “Saindo Jesus dali, passaram os escribas e fariseus a argüi-lo com veemência, procurando confundi-lo a respeito de muitos assuntos, com o intuito de tirar das suas próprias palavras motivos para o acusar.”[7]
Dando ainda maiores provas de que era, verdadeiramente o Maravilhoso Conselheiro, Jesus traz conselhos contemporâneos às sete igrejas do Apocalipse. Falando a João, o Senhor envia palavras de admoestação e incentivo… “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.”[8]
Seguindo o cabedal dos predicados messiânicos, a Igreja precisa falar com Sabedoria das coisas de Deus. O conteúdo da pregação dos escribas e fariseus não fugia das Escrituras. Faltava-lhes, porém, a autoridade – o elemento validador de qualquer mensagem. Precisamos viver a mensagem do Evangelho e pregá-la de modo que as pessoas entendam e contemplem nossos atos de Justiça.
Jesus, Deus Forte
Deus não é homem para mentir. Jesus é Deus. Portanto Ele não pôde mentir quando argüido pelo sumo sacerdote. “Ele, porém, guardou silêncio e nada respondeu. Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu.”[9] A expressão Eu sou possui um significado poderoso para o povo de Deus, pois revela a própria natureza eterna de Deus, existindo desde a eternidade e por toda ela.
Jesus não foi somente um grande judeu, efemeridade criada por judeus contemporâneos menos ortodoxos. Jesus é Deus. E a Igreja de Cristo precisa andar como noiva do Filho de Deus. Nosso coração precisa manifestar profundo temor por Jesus, pois Ele é Deus Forte.
Jesus, Pai da Eternidade
A idéia de finitude passeia por toda a humanidade desde a criação. A filosofia tenta explicar esta necessidade peremptória do ser humano em buscar algo que o faça escapar desta sensação. A idéia do infinito, da eternidade não existe por acaso no nosso coração. Foi plantada por Deus – “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.”[10]
Jesus, o Maravilho Conselheiro e Deus Forte, também é descrito como o Pai da Eternidade. Como Pai, Sua função é a de perpetuador de toda a Eternidade. Isto significa que a eternidade existe porque Deus existe. “Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.”[11]
Quais são as implicações disto? De acordo com o Maravilhoso Conselho de Jesus, a eternidade é o destino que Ele foi preparar para nós. “E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.”[12] Fora de Jesus, a eternidade é tão ruim que nem é chamada vida. A morte eterna é o destino daqueles que passarão os séculos dos séculos longe de Jesus.
Como podemos conhecer tão grande promessa e permanecer calados?
Jesus, o Príncipe da Paz
Por séculos, a Pax Romana trouxe uma falsa sensação de paz. No período das trevas, o terror e o medo mantinham as populações contidas e submissas à corrupta autoridade papal. Nem mesmo a reforma iluminista trouxe paz… As expedições expandiram o poder e a riqueza das nações, trazendo miséria, fome, nudez, morte e escravidão em escalas globais. As guerras mundiais – absolutamente sem sentido, desnudaram a fragilidade das relações internacionais. Hoje vivemos uma paz submissa à uma nação que abandonou suas raízes cristãs e se rendeu a Mamon. Fato é que nenhum sistema mantenedor da paz baseado em valores humanos tem qualquer chance de perpetuar-se.
Enquanto o Príncipe da Paz não reinar nos corações, a paz será uma situação condicional. Não se trata somente de paz bélica. Estamos falando de paz social, paz econômica, paz humanitária e paz interrelacional. Somente viveremos em paz perfeita quando o Príncipe da Paz reinar completamente sobre nossas vidas.
Esta paz alcançará proporções globais, segundo a profecia de Isaías: “para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto.”[13]. Mas para alcançar proporções coletivas ela precisa ser plena nos corações individuais. O Príncipe da Paz precisa reinar plenamente em cada coração.
Jesus, Isaías e eu
Senhor Deus, obrigado por ter revelado ao profeta Isaías os predicados do Messias. Cremos que eles se cumpriram fielmente em Jesus Cristo, cumprem-se hoje na Igreja e cumprir-se-ão eternamente. Obrigado por nos incluir no Teu Reino. Fortalece nossa fé para que, seguindo a Jesus, prossigamos para o alvo conforme a Tua santa vocação. Amém!
Notas:
[1] Isaías 9:6 [2] Lucas 2:47 [3] Marcos 7:37 [4] Marcos 1:22 [5] João 18:11 [6] Provérbios 21:30 [7] Lucas 11:53-54 [8] Apocalipse 3:21 [9] Marcos 14:61-62 [10] Eclesiastes 3:11 [11] Apocalipse 1:8 [12] João 14:3 [13] Isaías 9:7