Tempestade

    Tente imaginar como foi o primeiro dia do dilúvio. Lembre-se de que nunca havia chovido na terra. Ninguém conhecia a chuva. Provavelmente as pessoas saíram de casa pra sentir no rosto as gotas que estavam começando a cair. As crianças devem ter entrado gritando contando o que estava contecendo lá fora. Não parecia nada preocupante. A chuva inicialmente era uma sensação agradável.

    Mas em pouco tempo a água começava a alcançar os tornozelos. Hum, acho que tem alguma coisa estranha acontecendo, devem ter pensado alguns. As casas começaram a ficar cheias d`água e os móveis arruinados. Não se podia deter a água. Cada vez caía mais e ela estava em todos os lados. A chuva já não era mais uma sensação agradável e sim um problema cada vez mais grave.

    O que fazer nesse momento? A quem recorrer? Parece que um certo senhor aparentemente caduco tinha falado alguma coisa sobre isso. E eles foram lá…

    Primeiro um, depois outro, depois mais outros foram golpear a porta da arca que ainda não estava flutuando. Pediram desculpas, se arrependeram, gritaram, insultaram, mas a porta continuava fechada. Noé não podia abri-la. Deus a havia fechado.

    Era o começo do fim. Já estava decidido quem viveria e que morreria. Cada vez chegava mais gente à arca, a água continuava subindo, e cada vez as pancadas eram mais fortes pois a paciência já tinha se esgotado desde que perceberam que não seria uma tarefa fácil entrar naquele barcão. Lá fora tudo era um caos.

    Até que os gritos e os socos foram diminuindo. Talvez aquelas pessoas buscaram um lugar mais alto, ou talvez se afogaram. Quando os gritos finalmente terminaram, começou o movimento. Continuava chovendo e a água subia mais e mais. Lá fora a tempestade era cada vez maior.

    Mas Noé estava tranqüilo. Dentro da arca, apesar do provável mal-cheiro dos animais, estava seco e havia comida e um futuro. O mesmo Deus que havia trancado a porta, estava cuidando deles. Não havia lugar para a dúvida nem para a desconfiança. Noé descansava cada noite sabendo que a poderosa mão que trancou a porta era a mesma que balançava sua cama.

    Deus continua sendo o mesmo. Ainda hoje, continua trancando as portas e abrindo outras. Ainda hoje, quando em sua vida a tempestade se agiganta, pode dar-lhe tranqüilidade e paz para aquietar as ondas de suas dúvidas.

    Deus não se esquece. Deus não tropeça. Deus não se equivoca. A mais terrível das tempestades não pode abalar a tranqüilidade de Sua mão. Ele continua no controle. Não queira sair da arca dos Seus cuidados. Lá fora tem uma tempestade e Deus quer cuidar de você.