Que levante a mão o homem que nunca traiu ou pensou em trair, mesmo que virtualmente? Se pudéssemos adentrar a mente humana, certamente nos surpreenderíamos com o número de mãos abaixadas. Pouquíssimos homens – e nisso me baseio nos livros e artigos que li, nas centenas de e-mails que recebi, nas pesquisas que conferi e nas experiências que vivi – conseguem manter a fidelidade com serenidade. A grande maioria possui um desejo ardente e instintivo de possuir uma ou mais fêmeas de sua espécie. Instintos são impulsos alheios à razão, caracterizados por atividades automáticas, o famoso “pensar com a cabeça de baixo sem consultar a de cima”. Qualquer corpo feminino pode se transformar em uma possível presa. A ciência explica este fato como instinto primitivo de preservação da espécie. Não duvido e nem me oponho. Faz sentido.
Se os olhos salivassem, homens provavelmente chorariam ao observar um decote ousado ou um belo traseiro. Os mais atrevidos não se preocupam em disfarçar: “Ôooo lá em casa!”. Os mais discretos lançam apenas um olhar (ahhhh se os pensamentos se tornassem visíveis e audíveis!) e os ditos santos olham apenas uma vez buscando reprimir o desejo de olhar uma segunda. Enfim, o fato é que o desejo existe. Instintivo, mas existe.
Salomão, homem cheio de sabedoria divina, teve 1.000 mulheres; Davi, homem segundo o coração de Deus, possuía um harém; Jacó casou-se com duas (e irmãs!) e Paulo deve ter tido seus motivos para reforçar a Timóteo que bispos e diáconos deveriam ser maridos de uma só mulher. A poligamia era comum naquela época, e ainda é em algumas culturas. Mas nem tudo que os homens de Deus fizeram foi de sua aprovação. Assim como tantas outras consequências da queda, Deus apenas tolerou esse comportamento por um período limitado, ao mesmo tempo dando regras firmes para que não houvessem abusos. (Êxodo 21:10, 11; Deuteronômio 21:15-17). Mas Jesus veio e colocou fim à prática da poligamia entre seus adoradores:
“Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?
Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério” Mateus 19:3-9.
“Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno”. Mateus 5:29-30
Ou seja, se um adultério físico começa com um pensamento. É nele que você deve focar. Os traseiros e decotes vão continuar existindo e te seduzindo. Fato! Seu instinto primitivo vai impulsioná-lo a:
1) olhar;
2) desejar;
3) possuir.
O trabalho fica muito mais leve quando o homem assume esta realidade e “arranca os olhos”, ou seja, age ainda no primeiro passo. Se permite chegar ao segundo, o nível de dificuldade aumenta e abre caminho para o terceiro, ainda mais se o alvo estiver predisposto (e hoje em dia a grande maioria deles está!). Se não trabalhou o passo dois, provavelmente vai chegar ao três e consumar o adultério, que levará consigo a paz do seu relacionamento, a quebra da confiança e da aliança do casamento, o que certamente acarretará em grande sofrimento, inclusive aos filhos e familiares. Corações despedaçados e lágrimas sem fim. Uma dor que, segundo relatos, chega a ser comparável a dor da morte. Por isso o Pai bate na tecla: “…saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo”. Gênesis 4:7. Em outras palavras: domine-o antes que ele te domine e devaste sua família!
Sim, possuir mais de uma mulher simultaneamente é mau, ruim e pecado! Por quê? Porque mexe com vidas, machuca e destrói relacionamentos. Simples assim. E outra, se já é difícil chegar a um nível de intimidade e maturidade num relacionamento monogâmico, imagine dar conta de duas ou três esposas? Resultado: relacionamentos superficiais onde a mulher vira objeto de satisfação, apenas. Vida fútil e vazia.
Mas é certo também que a esposa deve ter consciência do instinto natural e sexual de seu marido. Deve supri-lo não por obrigação, mas por amor. Se ele estiver satisfeito na cama, não terá motivos para recorrer ao sexo fora do casamento. Muitas esposas fazem greve de sexo como forma de castigar seus maridos mulherengos. Desculpe a sinceridade, mas essa atitude beira a insensatez! Num casamento saudável não pode existir greve de sexo e nem de diálogo. Se existe algum problema, conversem e… continuem transando!
Já cansei de dizer em meus textos que homens acendem apenas com um botão – o olhos. Deixe seu marido sem sexo por muito tempo que o seu desejo sexual chegará a níveis altíssimos, praticamente insuportáveis. Um homem nesse estado torna-se presa fácil, não porque é safado, mas por ser inerente a sua natureza.
“Mas Dani, mantenho uma boa frequência sexual e meu marido continua pulando a cerca, desejando outras mulheres e se esbaldando com pornografia!”
Querida, sinto-lhe dizer, mas seu esposo já foi dominado pelo desejo. É como um títere nas mãos de seu manipulador. Perdeu a razão. Precisa urgentemente reconhecer o buraco em que está metido e buscar ajuda. Se isso tem tirado a paz de seu relacionamento, trazido angústia ao seu coração e abalado a confiança, não se conforme em continuar vivendo dessa forma. Busque uma posição do seu esposo: “Quer continuar sendo um títere nas mãos de seu desejo, mesmo que isso esteja destruindo nossa família?” Se ele responder que sim, então pergunte a você mesma: “Desejo continuar fazendo parte desse jogo destrutivo?”
Sim, fidelidade masculina é possível. Homens de caráter aprovado trabalham o passo “1” a cada decote, calça agarrada ou pop-up sedutor. Se você é homem e age dessa forma, tem o meu respeito e admiração. Dizem que fidelidade não é questão de escolha, mas sim de caráter. E eu digo: seu caráter direcionará suas escolhas. Bom caráter, boas escolhas. Mau caráter, péssimas escolhas. Boas escolhas fortalecem relacionamentos, as más, destroem.
Cristo é o Deus que se fez homem para nos ensinar o jeito certo de ser gente, portanto, observe suas ações, absorva seus ensinamentos e desenvolva um relacionamento através da oração, dessa forma, terá forças para dominar seus instintos e utilizar sua sexualidade de forma saudável.
Você pode ser um mestre garanhão, ter um super-pênis e ser bom de lábia, mas isso jamais superará um caráter aprovado. Atraente mesmo é o homem fiel. Forte mesmo é o homem capaz de se guardar. Admirável e respeitável é o pai que almeja possuir apenas o corpo da mãe de seus filhos. Respeitável é o esposo que escolhe se deitar com a mulher da sua mocidade, aquela com quem reparte a vida e os sonhos.
O homem fiel constrói sua casa na Rocha, onde nem a mulher mais sedutora é capaz de entrar. Ele também é sábio, pois prefere arrancar um dos olhos para não ter que entrar com os dois no inferno do adultério. Não confia em si mesmo, é forte o suficiente para reconhecer suas fraquezas e natureza pecaminosa, por isso joga-se nos braços do Pai, de corpo e alma. Ali o local é seguro e o caminho é certo… fonte de fidelidade!